Artigo: Marketing sem política

Política crítica,

Artigo: Marketing sem política

2 de abril de 2013

David Axerold, um dos marqueteiros de Obama, e o prefeito de Los Angeles, Antônio Villaraigosa pousarão em terras de Vera Cruz para passar aos tucanos técnicas de comunicação com a finalidade de aproximar o discurso de Aécio Neves ao cidadão. O esforço é válido. Mas será inútil se se restringir à técnica, tendo em vista que o problema dos tucanos é político. Não há como negar que o marketing tem seu lugar de destaque em uma disputa eleitoral e também na promoção da imagem do governo e do governante durante o mandato. Entretanto, marketing é uma etapa e não o ponto de partida de uma estratégia eleitoral. Um candidato necessita de apoio político e financeiro. Necessita também de discurso afinado com a realidade e capaz de alcançar corações e mentes. Não há técnica de comunicação que dê jeito em uma candidatura sem conteúdo e incapaz de magnetizar e anular a mensagem do adversário. O ponto de partida de uma candidatura a presidente deve ser uma boa análise da conjuntura política e econômica. Em 2006 vários cientistas políticos escreveram que os tucanos erraram em 2002 ao negar o próprio legado e ao não construir uma mensagem que conectasse o eleitorado tucano ao partido. No começo do segundo turno Alckmin estava em uma crescente e Lula estacionado, o PT usou a mesma estratégia de 2002: jogar no colo do PSDB a pecha de partido privatizador. O que fez Alckmin? Colocou bonés da Petrobrás e camisetas da Caixa. Legitimou o discurso adversário. Os tucanos ignoraram o fato de empresas privatizadas terem se tornado sucessos mundiais e aumentado emprego e arrecadação de impostos. Também não se ativeram ao fato de a privatização da telefonia ter universalizado o acesso ao telefone fixo e aos celulares. Não fizeram a comparação do antes e depois das privatizações. Os peessedebistas também não perguntaram aos petistas por que Lula não reestatizou as empresas privatizadas. Não entraram em conflito. Não fizeram POLÍTICA.  Tal qual Serra, Alckmin preferiu dar ouvidos a técnicos bons de comunicação e ruins de política. Sem unidade e sem discurso, o PSDB não irá a lugar nenhum, pode chamar o marqueteiro de Deus, que não dará certo.  Ainda mais agora que o governo Dilma goza de tranquila aprovação – há um vazio político no país que a oposição não preencheu e a economia cotidiana é favorável ao bolso do cidadão. Está é a sinuca de bico da qual o PSDB deve sair. Marketing ajuda, porém, não decide. O que levou Lula ao poder em 2002 não foram as gravatas que Duda mandou Lula vestir para parecer mais bonito no vídeo e sim a análise realista que os operadores políticos do PT fizeram da conjuntura. Entenderam que apenas alianças com partidos de esquerda não dariam resultado. O PT se aliou ao PL, que indicou um empresário a vice de Lula e ajudou a romper a barreira que separava Lula do empresariado. Os petistas publicaram a ???carta ao povo??? na qual o partido se comprometeu a manter a política econômica de Pedro Malan. No mais, Lula contou com erros dos adversários e o suor de seus aliados para conseguir contagiar o país com a mensagem da esperança e do combate à pobreza. O marketing ajudou, mas foi uma parte de um todo complexo. Técnicas de comunicação não representam o essencial de uma campanha e de um mandato. Collor que o diga. Governou sem apoio político e escorado apenas em marketing. O resultado é conhecido.  Estamos em 2012, qual é o discurso nacional dos tucanos? Os 44 milhões que votaram em José Serra votaram por simpatia a ele e antipatia ao PT. A campanha de Serra não deixou um mísero discurso que torne o eleitorado tucano fiel ao partido. Quais os valores o partido representa? Não se sabe. Predominam no PSDB os projetos pessoais e não o projeto de partido. Por isso o PT leva certa vantagem.  

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2 de abril de 2013

David Axerold, um dos marqueteiros de Obama, e o prefeito de Los Angeles, Antônio Villaraigosa pousarão em terras de Vera Cruz para passar aos tucanos técnicas de comunicação com a finalidade de aproximar o discurso de Aécio Neves ao cidadão. O esforço é válido. Mas será inútil se se restringir à técnica, tendo em vista que o problema dos tucanos é político. Não há como negar que o marketing tem seu lugar de destaque em uma disputa eleitoral e também na promoção da imagem do governo e do governante durante o mandato. Entretanto, marketing é uma etapa e não o ponto de partida de uma estratégia eleitoral. Um candidato necessita de apoio político e financeiro. Necessita também de discurso afinado com a realidade e capaz de alcançar corações e mentes. Não há técnica de comunicação que dê jeito em uma candidatura sem conteúdo e incapaz de magnetizar e anular a mensagem do adversário. O ponto de partida de uma candidatura a presidente deve ser uma boa análise da conjuntura política e econômica. Em 2006 vários cientistas políticos escreveram que os tucanos erraram em 2002 ao negar o próprio legado e ao não construir uma mensagem que conectasse o eleitorado tucano ao partido. No começo do segundo turno Alckmin estava em uma crescente e Lula estacionado, o PT usou a mesma estratégia de 2002: jogar no colo do PSDB a pecha de partido privatizador. O que fez Alckmin? Colocou bonés da Petrobrás e camisetas da Caixa. Legitimou o discurso adversário. Os tucanos ignoraram o fato de empresas privatizadas terem se tornado sucessos mundiais e aumentado emprego e arrecadação de impostos. Também não se ativeram ao fato de a privatização da telefonia ter universalizado o acesso ao telefone fixo e aos celulares. Não fizeram a comparação do antes e depois das privatizações. Os peessedebistas também não perguntaram aos petistas por que Lula não reestatizou as empresas privatizadas. Não entraram em conflito. Não fizeram POLÍTICA.  Tal qual Serra, Alckmin preferiu dar ouvidos a técnicos bons de comunicação e ruins de política. Sem unidade e sem discurso, o PSDB não irá a lugar nenhum, pode chamar o marqueteiro de Deus, que não dará certo.  Ainda mais agora que o governo Dilma goza de tranquila aprovação – há um vazio político no país que a oposição não preencheu e a economia cotidiana é favorável ao bolso do cidadão. Está é a sinuca de bico da qual o PSDB deve sair. Marketing ajuda, porém, não decide. O que levou Lula ao poder em 2002 não foram as gravatas que Duda mandou Lula vestir para parecer mais bonito no vídeo e sim a análise realista que os operadores políticos do PT fizeram da conjuntura. Entenderam que apenas alianças com partidos de esquerda não dariam resultado. O PT se aliou ao PL, que indicou um empresário a vice de Lula e ajudou a romper a barreira que separava Lula do empresariado. Os petistas publicaram a ???carta ao povo??? na qual o partido se comprometeu a manter a política econômica de Pedro Malan. No mais, Lula contou com erros dos adversários e o suor de seus aliados para conseguir contagiar o país com a mensagem da esperança e do combate à pobreza. O marketing ajudou, mas foi uma parte de um todo complexo. Técnicas de comunicação não representam o essencial de uma campanha e de um mandato. Collor que o diga. Governou sem apoio político e escorado apenas em marketing. O resultado é conhecido.  Estamos em 2012, qual é o discurso nacional dos tucanos? Os 44 milhões que votaram em José Serra votaram por simpatia a ele e antipatia ao PT. A campanha de Serra não deixou um mísero discurso que torne o eleitorado tucano fiel ao partido. Quais os valores o partido representa? Não se sabe. Predominam no PSDB os projetos pessoais e não o projeto de partido. Por isso o PT leva certa vantagem.  

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