Artigo- O Realismo Lulista

Política crítica,

Artigo- O Realismo Lulista

4 de maio de 2013

Na cabeça de Lula o lado realista sempre pesou mais que o ideológico. Depois de 2002 e da crise política de 2005, Lula se tornou mais realista e adaptado ao jogo democrático.
A eleição de 2002 provou que, em uma democracia, alianças com contingentes rivais são essenciais na disputa pelo poder. Naquela ocasião o PT se aliou ao PL e Lula obteve um vice empresário e apoio de parte significativa da classe empresarial. José Dirceu coordenou os trabalhos e construiu a musculatura política necessária para o PT chegar à presidência da República. 

Uma vez no poder de um país onde vigora o presidencialismo de coalização, o governo petista necessitaria de uma aliança  ampla no Congresso, por este motivo, em 2003, José Dirceu fechou com o PMDB, no entanto, Lula o desautorizou. O lado ideológico falou mais alto? Talvez. Acredito mais na hipótese de que Lula e outros petistas não queriam dividir o botim. A visão estratégica deles não alcançou o horizonte que a visão de Dirceu alcançou.

A crise do mensalão eclodiu em 2005. Com a base política no paredão, Lula não teve alternativa e buscou aliança com o núcleo duro do PMDB comandado por José Sarney. Eleito presidente em 2006, surfando na ???onda??? externa que favoreceu economias em desenvolvimento, com uma oposição política anêmica, aliado ao PMDB, com o PT enfraquecido, contando com apoio de setores (amarrados a empréstimos do BNDES) relevantes da economia, o governo federal angariou 80% de aprovação e Lula descolou-se do PT. O lulismo simbólico ficou para trás e deu lugar para o lulismo com corpo político.

Resultados

Lula bateu o pé e Dilma foi candidata à presidência da República em 2010 – contra a vontade de setores relevantes do PT. O realismo lulista deu as caras: em troca de apoio a Dilma, o PT entregou os dedos para o PMDB em vários estados. O ???baixo clero??? petista no parlamento revoltou-se com Lula tal qual o ???baixo clero??? paulista revoltou-se quando o ex-presidente ???impôs??? a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo em 2012. De novo Lula valeu-se de apurado realismo político e deu os braços para Maluf e outros contingentes de centro-direita.

Dilma venceu. Haddad venceu. Lula venceu, e até o PT, queira ou não queira, venceu.

Desta feita o realismo lulista entra em cena novamente. O ex-presidente disse nesta sexta-feira a jornalistas da Folha que para o governo de SP o PT deve se aliar a Russomanno, PMDB e Kassab. Uma aliança ampla contra o governador Geraldo Alckmin é a única maneira de o PT conquistar pela primeira vez o Palácio dos Bandeirantes. Duro será convencer PMDB e Kassab de abrirem mão de candidatura própria. A depender da conjuntura em 2014, pode ser que o PT fique em situação de ceder. Na possibilidade de favorecer o PT no plano federal, e apostando no longo prazo, Lula aceitaria a hipótese de o partido abrir mão de candidatura própria em SP e apoiar o PMDB (Skaf) ou Kassab?

O realismo de Lula chegaria a tanto?

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4 de maio de 2013

Na cabeça de Lula o lado realista sempre pesou mais que o ideológico. Depois de 2002 e da crise política de 2005, Lula se tornou mais realista e adaptado ao jogo democrático.
A eleição de 2002 provou que, em uma democracia, alianças com contingentes rivais são essenciais na disputa pelo poder. Naquela ocasião o PT se aliou ao PL e Lula obteve um vice empresário e apoio de parte significativa da classe empresarial. José Dirceu coordenou os trabalhos e construiu a musculatura política necessária para o PT chegar à presidência da República. 

Uma vez no poder de um país onde vigora o presidencialismo de coalização, o governo petista necessitaria de uma aliança  ampla no Congresso, por este motivo, em 2003, José Dirceu fechou com o PMDB, no entanto, Lula o desautorizou. O lado ideológico falou mais alto? Talvez. Acredito mais na hipótese de que Lula e outros petistas não queriam dividir o botim. A visão estratégica deles não alcançou o horizonte que a visão de Dirceu alcançou.

A crise do mensalão eclodiu em 2005. Com a base política no paredão, Lula não teve alternativa e buscou aliança com o núcleo duro do PMDB comandado por José Sarney. Eleito presidente em 2006, surfando na ???onda??? externa que favoreceu economias em desenvolvimento, com uma oposição política anêmica, aliado ao PMDB, com o PT enfraquecido, contando com apoio de setores (amarrados a empréstimos do BNDES) relevantes da economia, o governo federal angariou 80% de aprovação e Lula descolou-se do PT. O lulismo simbólico ficou para trás e deu lugar para o lulismo com corpo político.

Resultados

Lula bateu o pé e Dilma foi candidata à presidência da República em 2010 – contra a vontade de setores relevantes do PT. O realismo lulista deu as caras: em troca de apoio a Dilma, o PT entregou os dedos para o PMDB em vários estados. O ???baixo clero??? petista no parlamento revoltou-se com Lula tal qual o ???baixo clero??? paulista revoltou-se quando o ex-presidente ???impôs??? a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo em 2012. De novo Lula valeu-se de apurado realismo político e deu os braços para Maluf e outros contingentes de centro-direita.

Dilma venceu. Haddad venceu. Lula venceu, e até o PT, queira ou não queira, venceu.

Desta feita o realismo lulista entra em cena novamente. O ex-presidente disse nesta sexta-feira a jornalistas da Folha que para o governo de SP o PT deve se aliar a Russomanno, PMDB e Kassab. Uma aliança ampla contra o governador Geraldo Alckmin é a única maneira de o PT conquistar pela primeira vez o Palácio dos Bandeirantes. Duro será convencer PMDB e Kassab de abrirem mão de candidatura própria. A depender da conjuntura em 2014, pode ser que o PT fique em situação de ceder. Na possibilidade de favorecer o PT no plano federal, e apostando no longo prazo, Lula aceitaria a hipótese de o partido abrir mão de candidatura própria em SP e apoiar o PMDB (Skaf) ou Kassab?

O realismo de Lula chegaria a tanto?

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