A Escala Richter mensura a magnitude de terremotos em uma régua de intensidade que vai até 9 e indica a potência de destruição destes fenômenos naturais. O abalo sentido no México durante esta semana atingiu o grau 7,1 da escala, que indica possibilidade de danos graves em edifícios e foi o que aconteceu. Grande parte desta destruição ocorreu por conta das construções que não incorporavam tecnologias de segurança e prevenção a abalos.
Em 2011, no Japão, o terremoto seguido de tsunami causou prejuízos de mais de R$ 330 bilhões, mesmo com um histórico de investimento em tecnologias de engenharia civil desenvolvidas há muito anos pelo país. O Brasil, apesar de não sofrer com este tipo de desastre, no primeiro semestre de 2017 foram registrados 62 abalos, sendo 8 destes com magnitude entre 4,0 e 4,8, segundo dados do Centro de Sismologia da USP. Pela Escala Richter, a intensidade destes abalos pode causar quebra de vidros, provocar rachaduras nas paredes e deslocar móveis. No Japão, as construções empregam tecnologias nas estruturas de base, como sistema de molas que absorvem o tremor já no alicerce. Prédios mais tecnológicos já utilizam de amortecedores eletrônicos, que podem ser controlados à distância. Para ajudar a dissipar a energia quando a estrutura se movimenta em direções opostas e evitar que o prédio esmague os andares intermediários, é instalado um material especial para amortecer as junções entre as colunas, a laje e as estruturas de aço que compõe cada andar. O Brasil possui mecanismos de controle em todo território nacional, trata-se da Rede Sismográfica Brasileira. Com 85 estações, o monitoramento dos tremores é acompanhado em tempo real e é capaz de diferenciar um abalo sísmico de uma explosão em uma pedreira, por exemplo. Apesar de não sentirmos a intensidade destes fenômenos por aqui, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) aprovou em 2006 a norma ABNT NBR 15421, que fixa os requisitos para a segurança das construções com relação a abalos sísmicos e as resistências que devem ser consideradas nos projetos. Se atender estas normas pode aumentar o custo final da obra, em contrapartida poderá evitar garantir benefícios em longo prazo, pois, mesmo com o constante monitoramento, os terremotos são imprevisíveis. Por fim, vale a máxima de que prevenir é melhor que remediar. O custo para a reconstrução de um edifício é muito maior do que incorporar essa tecnologia preventiva. Assim, evitamos prejuízos materiais, além de proteger o principal e irreparável bem: a vida humana. *Márcio Benvenutti é engenheiro civil e empresário do setor de construção civil. Professor universitário com mestrado em geotecnia, também é diretor da regional do SindusCon-SP em Campinas (SP).