O número de mercadorias falsificadas é alarmante: a comercialização de cartuchos ilegais representa de 5% a 7% do mercado mundial, de acordo com estudo do United Office on Drugs and Crime. Muitos desses itens chegam ao consumidor por meio de renomados marketplaces, onde a compra é efetuada sem que ele perceba a ilegalidade. Ao abrir espaço para que outras empresas comercializem através de seus canais de vendas, grandes varejistas indiretamente permitiram que falsificadores se aproveitem de sua imagem e vendam mercadorias pirateadas, o que prejudica a reputação dos e-commerces, as marcas e o consumidor, que arca com um produto sem qualidade que pode causar dor de cabeça pelas consequências do uso.
 
Há produtos com preços muito abaixo do mercado, mas outros passam desapercebidos quando a diferença de valor é confundida com uma promoção do marketplace confiável. Toners e cartuchos de tinta para impressoras têm sido grandes alvos dessa prática ilegal e, normalmente, o cliente não consegue identificar a diferença da mercadoria clonada para a original. Se percebe, é só quando a recebe ou mesmo quando vê o resultado ruim ou afeta o funcionamento de uma máquina.
 
O problema não é recente. Tanto que a HP, uma das maiores fabricantes de computadores e impressoras do mundo, criou o Programa Antipirataria, a fim de erradicar a comercialização ilegal. A empresa busca coibir esse tipo de comércio com o desenvolvimento de ferramentas como os selos de segurança nos produtos. Fato é que até mesmo esse artifício consegue ser superado pelos especialistas do mercado negro. Em duas compras-teste de toners, a validação da etiqueta por meio do QR Code, como orientado pela empresa, constatou que os produtos eram originais, mas, com uma análise mais técnica, ficou fácil averiguar que eram falsos.
 
Antes de efetuar a compra é importante checar a idoneidade da loja e dos parceiros do marketplace. Tomando como exemplo que um modelo custe em média R$ 360 e é vendido por R$ 102, já acende o sinal vermelho de que há algo estranho. Ainda que o valor possa ser diferente para um revendedor, não terá uma discrepância tão grande. Por isso, vale a pena investigar a reputação da loja e não depender apenas do marketplace. Por fim, o especialista Rodrigo de Oliveira, da Distribuidor de Toner (www.distribuidordetoner.com.br), dá dicas para ajudar na identificação de um produto original*:
 
– Diferenças no design: Certos detalhes da caixa podem passar, mas é possível detectar diferenças tanto na qualidade quanto na impressão das embalagens. Logos destoantes e picotes mal cortados são indicações de clonagens. Os toners da HP, por exemplo, têm uma lateral do pacote impressa em preta. Em um original a parte de dobra com a cor, não se estende para as laterais, enquanto no falsificado é possível observar essa extensão.
 
– Etiqueta com QR Code: Alguns fabricantes desenvolveram um selo para identificar a legitimidade do toner. Atualmente no comércio pirata, os toners possuem um adesivo muito semelhante ao original, porém há dois detalhes: possui formato retangular e o desenho de gota impresso, o que identifica ser um produto para janto de tinta. Originalmente na embalagem de toner ele é quadrado e tem a figura de um celular.

– Código de identificação: Cada toner sai de fábrica com um registro único. A mesma numeração encontrada na embalagem corresponde ao que está gravado na carcaça e é uma espécie de RG do produto. Os que são produzidos ilegalmente não possuem esta inscrição internamente ou apresentam um número aleatório que não bate com o da caixa.

– Recurso de autenticação: O software que já vem na impressora ou pode ser instalado verifica e confirma a autenticidade do toner inserido. Caso seja original, um aviso de pop-up aprova, caso contrário um alerta é enviado para que seja averiguado se o mesmo não é falso.

– Duração e qualidade da impressão: O uso de suprimento pirata impacta diretamente no rendimento da impressora, que diminui drasticamente. As impressões em P/B costumam sair acinzentadas e as coloridas com tonalidades diferentes, como amarelo muito claro, por exemplo.

– Falha ou quebra do equipamento: Se a impressora travar, quebrar ou apresentar outros problemas, pode ser consequência mais grave em decorrência do produto falsificado. Em um primeiro momento, usar cartuchos sem procedência garantida pode resultar apenas em falhas nas impressões, mas a longo prazo causa danos ao equipamento. Por se tratar de uma substância de tinta em pó, há risco de vazamento interno, que pode levar à inutilização da impressora.