Tem um ditado popular antigo que diz que quando a promessa é demais até o Santo desconfia. Me parece que isto vale para a história do “dinheiro esquecido” que o Banco Central, de repente, lançou no ar como uma nova solução para os problemas financeiros que a maioria das famílias brasileiras enfrenta.
Do nada e “bondosamente” o Banco Central descobriu que 8 bilhões…. isso mesmo…8 bilhões de reais estavam esquecidos em contas antigas dos mais diversos bancos. O povo, apertado pela crise econômica, ficou feliz com o dinheiro extra que tinha para receber. Principalmente os mais idosos, aposentados e castigados pela ineficiência do sistema previdenciário, que corrói a renda mês a mês, ficaram na expectativa de resolverem seus problemas.
Alguns projetaram reformar a casa, construída na época de vacas gordas e definhando com o tempo. Outros sonharam resgatar o dinheiro esquecido e trocar o carro. Televisores grandes, geladeiras novas, sofás macios inundaram o imaginário destas pessoas, que em outros tempos podiam comprar e hoje estão à margem do consumo de bens duráveis.
O resultado está sendo desastroso. Assim que o Banco Central conseguiu resolver o problema de navegação do site oficial, inundado de consultas, os apreensivos resgatadores do tesouro perdido (ou esquecido) depararam com quantias como R$ 0,01…R$ 0,02…R$ 0,41…R$ 2,21…
Famílias se cotizaram para apresentar à senhorinha que tinha R$ 0,41 centavos, uma quantia um pouco maior e assim diminuir sua tristeza. Outros acharam que não valia a pena resgatar R$ 0,41. Não vale mesmo. Não consigo imaginar neste momento o que se compre com R$ 0,41!
Quem conseguir (se conseguir) sacar boas quantias não vai contar publicamente. Então, de forma oficial 8 bilhões estão sendo recolocados na economia. A honestidade do Banco Central será elogiada e aplaudida. Mas cá entre nós, parece que esta invenção do “dinheiro esquecido” nada mais é que uma tremenda jogada eleitoral. Alguém pode dizer: – Nossa! Como você é pessimista! Não, bem…isto é realidade. Isto é Brasil!
Helena Ribeiro da Silva
Presidenta do SEAAC de Americana e Região