Noel Biderman parece ser o típico presidente de uma empresa de tecnologia: ele pontua seus discursos com palavras como “ruptura” e, claro, sua companhia não é apenas um negócio, mas uma ferramenta de “impacto social”. “Estou permitindo que as mulheres se equiparem aos homens”, diz ele sobre seu site, o AshleyMadison.com, fundado em 2001.
A pegadinha é que se trata de um serviço para cônjuges que desejam trair seus maridos ou esposas, com um slogan nada sutil: “A vida é curta. Tenha um caso”. Ex-advogado da área de esportes, Biderman diz que muitas vezes teve de lidar com as consequências da infidelidade de seus clientes. Ele acredita estar promovendo a igualdade entre os sexos não por meio de salários iguais ou mais educação, mas ao ajudar mulheres a traírem com tanta frequência quanto os homens.
“Há muitos negócios voltados para homens, como agências de acompanhantes e bordéis. Então, queria me concentrar no lado feminino desta equação.” Por isso, ele deu o nome de Ashley Madison a seu site. Estes eram os dois nomes mais dados a meninas na época da fundação da empresa.
Seja qual for sua opinião sobre esta inusitada visão de igualdade, a aposta de Biderman na lucratividade da infidelidade deu certo: a empresa, que oferece serviços gratuitos para mulheres e cobra uma taxa para que homens criem seus perfis online e enviem mensagens, faturou US$ 150 milhões (R$ 450 milhões) em 2014.
Mas a grande questão agora, no momento em que a empresa tenta arrecadar US$ 200 milhões com a venda pública de ações em Londres, no Reino Unido – o que colocaria o valor da companhia em cerca de US$ 1 bilhão -, é se as pessoas estão dispostas a investir dinheiro na infidelidade.