A escritora Vanessa Fagundes escreveu um artigo defendendo o vereador Leitinho Schooder (PDT), que corre o risco de perder o mandato por acusar os vereadores de prática indevida. Vanessa ataca o vereador Celso Concrenova (PSDB) de ter ‘arregado’ na hora de votar. Leia o texto abaixo.
Hoje fui acompanhar a sessão da Câmara Municipal para manifestar meu apoio ao Leitinho Vereador Schooder, para que permaneça como vereador. Para encurtar o causo, o Professor Bi, como corregedor, abriu um procedimento para averiguar e punir a conduta do Leitinho, pois em uma das sessões ele disse: ???alguns vereadores tem o rabo preso com o jornal???.
?? verdade que no rompante das emoções (pelo que sei, as sessões da Câmara dessa cidade são muito emocionantes), o vereador pode ter dito algo que não deveria, mas ao que sei todos naquele lugar já disseram algo que não deveriam, inclusive o próprio corregedor (apenas para citar duas ocasiões: quando disse que mataria outro vereador e quando citou a bíblia para tentar intimidar o colega a votar como ele queria).
Aliás, o tal colega (Celso) acabou sendo intimidado, talvez com medo da punição divina (?), mudou de opinião e resolveu votar pela instauração do procedimento contra o Leitinho. Voto decisivo. Eu não seria contra uma averiguação de conduta, se o propósito fosse realmente punir um vereador culpado. Acontece que não é segredo que os debates na Câmara desta cidade são acalorados e ao que eu saiba, ninguém até hoje foi recriminado por isso.
A defesa de pontos de vista pode se tornar emocionante mesmo, por isso existe a imunidade parlamentar que releva discursos inflamados em prol das decisões que se precisa tomar pelo povo. O mesmo povo que está sendo ignorado, enquanto os nobres vereadores se ocupam em discutir quem falou o palavrão mais feio. Vi muitos vereadores hoje se esforçando na cara de ofendidos, quase fazendo biquinho para dizer: ???eu não tenho rabo preso!???. Ora, ninguém fez acusações específicas. Vi vereadores defendendo uma punição contra o Leitinho porque se dizem chateados com sua forma vigorosa de se expressar. Fica aqui a minha dica ao Leitinho: Seja mais esperto que eles e se torne a pessoa mais cordial daquele lugar, distribua rosas se preciso, mas continue dizendo o que deve dizer. O vereador Antônio foi contundente e fortemente aplaudido pelos populares presentes. Disse que esse procedimento é uma manobra política e não técnica.
Traduzindo: os nobres vereadores inventaram uma desculpa para calar aquele que os contradiz e a desculpa é esfarrapada. Os nobres vereadores não tiveram pudor ao ouvir um colega dizendo que mataria o outro, mas de repente quando escutam um ???rabo preso??? correm para se defender. No mínimo estranho. O que concluí nessa visita à Câmara é que a oposição é mais importante do que se imagina nessa cidade. Não porque eu seja a favor desse partido ou daquele, não porque eu concorde com tudo que o Leitinho diz e não porque eu ignore algumas realizações do atual Prefeito, mas porque quando vereadores se unem em manobras fabricadas para calar alguém, significa que esse alguém precisa ser ouvido.
Por último, deixo minha humilde opinião sobre a leitura de textos bíblicos na abertura das sessões: talvez se os vereadores lessem mais a Constituição e menos a bíblia, as brigas acabassem e os trabalhos começassem!
Vanessa Fagundes