Muito além dos olhos azuis e outros escritos sobre relações internacionais contemporâneas de Daniel Afonso da Silva, pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, reúne escritos sobre o meio internacional contemporâneo.
Seu interesse central repousa na investigação de aspectos estruturais e conjunturais que permitiram o sucesso eleitoral de gente tipo Donald J. Trump, Emmanuel Macron e Jair Messias Bolsonaro. Sua mensagem explicita a progressiva degradação da função pública e presidencial nos Estados Unidos, na França e no Brasil de 1964 aos nossos dias. E seu argumento procura identificar os impactos dessa degradação sobre o sistema internacional contemporâneo.
O ponto de partida do livro está no capítulo 4, A presença do general, que reconstitui a expedição do general De Gaulle ao Brasil em outubro de 1964. Na sequência, vai redesenhado, no capítulo 5, O momento Tancredo-Mitterrand, o encontro desses gigantes artistas da razão de Estado que foram o presidente Tancredo de Almeida Neves e o presidente François Mitterrand. A interação política e diplomática entre França e Brasil, América do Sul e Europa, após esse momentum Tancredo-Mitterrand de janeiro-fevereiro de 1985, segue objeto direito de A primavera dos tempos e ?? sombra do general, respectivos capítulos 6 e 7. O Brasil de Ricupero, capítulo 8, aprecia o magnífico A diplomacia na construção do Brasil ??? 1750-2016 da lavra do sempre notável embaixador Rubens Ricupero. 18 dias ??? Quando Lula e FHC se uniram para conquistar o apoio de Bush, empreendimento de valor de Matias Spektor, vai anotado no capítulo 9, Os dias que marcaram a transição brasileira. Deixar a pátria livre ou morrer pelo Haiti, capítulo 10, avalia os fundamentos de dez anos da Mission des Nations Unis pour la stabilization en Haiti ??? Minustah. Muito além dos olhos azuis, âncora do livro, aparece como capítulo 11 e retraça aspectos decisivos da reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à crise financeira mundial de 2008. Noites de junho, capítulo 12, promove exercício similar sobre a atuação da presidente Dilma Rousseff na gestão dos protestos de junho de 2013 no Brasil. O pano de fundo de toda essa quadra internacional da viragem de séculos aos dias atuais foi premido por mutações na condução da política externa norte-americana que vai analisada nos três primeiros capítulos do livro que são Após Gerônimo, De Benghazi, uma flor e Adeus, Geronimo. O último capítulo, o 13, Réquiem, ensaia uma impressão geral do Brasil que disto tudo saiu.O livro ainda contém uma bela Apresentação do embaixador Rubens Ricupero com dados da obra e do autor e um ilustrativo Prefácio do Professor e Pesquisador Henrique Altemani de Oliveira, que também faz parte da história do Núcleo de Pesquisas em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, com indicações sobre o lugar das reflexões do livro nos estudos sobre Relações Internacionais Contemporâneas.