Pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 15/8, no 2º Anuário da Segurança da Assistência Hospitalar no Brasil revela que cerca de 148 pessoas morrem diariamente no Brasil, vítimas de erros cometidos em hospitais!

Esse número de mortes é muito semelhante ao de mortes causadas por violências que tanto nos assustam!
Por que isso ocorre?!
Muitas são as causas, entre elas o pouco e mau uso dos recursos de saúde, entretanto muitas vezes a crítica acaba caindo sobre o médico por ser aquele que afinal é o principal responsável pelo doente.
Qual a culpa do médico nessa situação?
A meu ver, a nossa maior culpa é de termos caído numa armadilha construída por sucessivos governos que, criando o maior número de escolas médicas num mesmo país no mundo, nos tornou semelhantes ao sal (como disse um candidato a presidência da república): vestimos branco; somos muito numerosos e custamos barato!
Deveríamos ter reagido de forma contundente no início da montagem dessa estratégia maligna, dizendo claramente que sem condições mínimas de trabalho não aceitaríamos qualquer emprego.
Infelizmente isso não ocorreu e o que fizemos para nos adaptar a essa realidade foi buscarmos um número maior de empregos para obter um ganho razoável e com isso nos tornamos máquinas que correm de compromisso em compromisso, sem de fato nos comprometermos com o aspecto humano da nossa profissão que exige tempo para escutar e individualizar a atenção médica.
Passamos a fazer uma “FAST MEDICINE”! Entramos na roda viva de nossos tempos em que parar para refletir é perda de tempo e o negócio é correr cada vez mais rápido em busca de nossos interesses particulares.
O incrível é que agora, alguns colegas preocupados com essa situação catastrófica criaram a chamada “SLOW MEDICINE”, que nada mais é do que fazer a medicina bem-feita, isto é, aquela que nunca deveria ter sido feita de outra forma!
Pensem sobre isso!
Antonio Monteiro é médico clínico geral e preventivista formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.