Nunca o treinador de futebol no Brasil estudou tanto. Nos últimos cinco anos, são 3802 profissionais capacitados e distribuídos entre as licenças obrigatórias da Confederação Brasileira de Futebol para que possam ocupar o cargo nos principais clubes do Brasil. A conta não fecha quando vimos 20% dos cargos na Série A do Campeonato Brasileiro absorvidos por estrangeiros, com licenças da Uefa, sem nenhuma equivalência para os brasileiros tanto no País quanto em outros continentes.

 

O Sitrefesp – Sindicato dos Treinadores de Futebol do Estado de São Paulo – fez um levantamento, junto à CBF Academy, onde é possível ver um número de treinadores já considerados aptos sem nenhum mercado de trabalho. Isso vale para todas as licenças. “Sempre se questionou que o treinador brasileiro não tinha a mesma formação daqueles que chegam com licença Uefa. E hoje, qual o motivo para o mercado não receber esses técnicos nos clubes?”, questiona a diretoria do sindicato.

 

“Porque o treinador brasileiro não tem a mesma equivalência que damos aos estrangeiros? Quando querem trabalhar em outras confederações, seja na Europa, na África, Ásia, é exigido dele cinco anos dentro do Brasil. E os que chegam de fora não precisam apresentar o mesmo período de trabalho”.

Só a Licença Pró, a maior em formação na CBF Academy, tem 245 treinadores formados. Na licença A são 867. Os números apontam ainda 1406 na Licença B e 1284 na Licença C, o que qualifica esses profissionais também na base. “Os professores e palestrantes que chegam de fora para ministrar aula na CBF Academy são quase unânimes em dizer que nosso curso é melhor que o da Uefa em carga horária e distribuição de temas. Ainda assim somos colocados na segunda prateleira e questionados dentro do maior campeonato nacional do mundo”.