O atual cenário socioeconômico, com baixo crescimento, aliado à persistente alta da inflação foram os principais motivos que resultaram no pior nível histórico do Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) na cidade de São Paulo, chegando ao patamar de 113,6 pontos. O indicador da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) recuou 5,1% em maio em relação ao mês anterior. Se comparado com o mesmo período de 2013, a queda foi ainda maior, de 11,4%.
Todos os sete segmentos que compõem o índice tiveram retração de abril para maio, com destaque para o item Perspectiva profissional, que apresentou a maior queda, com variação negativa de 9,6%. O item Bens duráveis veio em segundo lugar, seguido por Perspectiva de consumo, com recuos de 9,3% e 6,5%, respectivamente. Esses números mostram, segundo a assessoria econômica da Federação, que o cenário é de mais cautela nos gastos por parte do consumidor, inclusive, com relação a produtos duráveis.
Ainda que o aumento da Selic pelo Banco Central seja um mecanismo para conter a inflação, de acordo com a Entidade, tal medida faz com que os juros ao consumidor continuem crescendo, o que encarece a aquisição de crédito e financiamento. Nesse sentido, os itens Renda atual e Acesso ao crédito sofrem diretamente o impacto. O primeiro apresentou recuo de 3,4%, chegando aos 129,9 pontos – quarta queda consecutiva. O segundo chegou aos 132,5 pontos, com retração de 0,9%.
Assim, com o orçamento doméstico comprometido, consequentemente o consumo diminui, como aponta o segmento Nível de consumo atual. Com variação negativa de 5,9%, o item atingiu 86,4 pontos, seu menor patamar histórico. Com média abaixo dos cem pontos desde fevereiro, ele mostra claramente que as famílias estão gastando menos com relação ao mesmo período do ano anterior.
Além da alta da inflação e do cenário econômico instável, economistas da FecomercioSP acreditam que outros fatores, como desabastecimento da água em São Paulo e possíveis greves e manifestações durante os jogos da Copa do Mundo, possam, eventualmente, influenciar o comportamento de compra da população paulistana. Por ora, não há sinais de reversão do cenário, segundo avaliação da assessoria econômica. O resultado do Dia das Mães – recuo de 2,4% nas vendas – refletiu, para os comerciantes, uma menor demanda na indústria e na contratação para o resto do ano, reduzindo ainda mais o ritmo da economia.