da BBC Brasil- Anastasia Lin é uma modelo e atriz que ostenta a coroa de Miss Mundo Canadá – ela vai disputar a final internacional do concurso de beleza no próximo domingo, em Washington.Mas sua atuação vai além das atividades ditadas pela beleza – o que tem lhe causado problemas.
Segundo parentes, amigos e a imprensa americana, Lin, de 26 anos, está sendo obrigada a ficar calada. Nascida na China, mas morando no Canadá há 13 anos, ela se tornou uma ativista dos direitos humanos cujas falas enfurecem sua terra natal.
No ano passado, dois meses após conquistar o título de Miss Mundo Canadá, Anastasia Lin foi convidada a testemunhar numa comissão do Congresso dos Estados Unidos sobre acusações de perseguição religiosa na China.Ao depor, disparou que queria “falar por aqueles que são espancados, queimados e eletrocutados na China por não abrirem mão de suas crenças”.
Ela acredita que essa foi a gota d’água que levou à decisão da China de proibir sua entrada no país para a disputa da final do Miss Mundo 2015, realizada na cidade de Sanya, na província de Hainan.Como o rosto controla nosso destinoA proibição levou a organização do mais antigo concurso de beleza do mundo a convidar Lin a disputar a coroa novamente este ano, desta vez nos EUA.Mas a polêmica envolvendo o veto do governo chinês teve outro efeito: deu à modelo a oportunidade de falar em defesa dos direitos humanos para plateias internacionais.
Ela foi convidada a expor suas ideias na Universidade de Oxford, no National Press Club, a associação jornalística americana, e no Oslo Freedom Forum, na Noruega.
Lin, que também é uma exímia pianista clássica, nasceu na província de Hunan e foi uma líder estudantil que acreditava na autoridade absoluta do Partido Comunista chinês e nos seus ensinamentos.Depois que emigrou e se tornou cidadã canadense, ela revelou ser praticante da Falun Gong, corrente que prega a meditação e tem raízes nos ensinamentos do budismo sobre verdade, compaixão e tolerância.Com mais de 100 milhões de praticantes em todo o mundo, a Falun Gong é proibida na China desde 1999, quando foi considerada um culto diabólico contrário ao Partido Comunista. Seus seguidores no país sofreram violenta repressão.Desde então, grupos de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, têm recebido denúncias de que os praticantes chineses seriam mandados para campos de trabalhos forçados, sofreriam julgamentos sumários, torturas, execução e até extração forçada de órgãos para a comercialização em escala industrial.O governo chinês nega as acusações.