O poeta e compositor, Moacir Romero, 69 anos, vai lançar dia 19 próximo, “Lembranças, Dores e Saudades – Memórias e Mentiras”, o seu primeiro livro inspirado no registro  de memórias de sua infância na pacata cidade de Boracéia, SP, antes de mudar-se para Americana.

Escrever um livro era algo ainda inimaginável para o jovem que teve o pai Francisco (Chico) Romero, analfabeto, o exemplo de caráter e de luta pela sobrevivência da família. Da labuta na lavoura ao carrinho de pipoca, daí saía o sustento de todos.

Autor de dezenas de poesias e canções sertanejas de gênero raiz ao longo de vários anos, escrever um livro foi o passo natural na linha do tempo que o levou a compilar as suas lembranças, ou, como prefere dizer sobre o livro, um “ajuntamento de letras”. O dia a dia na roça com o pai, o estudo primário, as músicas tocadas na Rádio que gostava de ouvir, os incríveis espetáculos de circo e os gibis que adorava ler, quando eram trocados por algumas frutas com os amigos.

Nem tudo, porém, é verdade no livro. Afinal, todo escritor tem lá sua criatividade aguçada e, às vezes, pincela a realidade. “Quando me atrevi a escrever, não sabia exatamente o que registrar, mas confesso que ao final me dei por satisfeito, nem tudo o que escrevi é verdade, mas em tudo que foi escrito, existe verdade”., admite.

Música e poesia sempre despertaram nele maior interesse criativo antes de surgir a ideia de lançar um livro. A partir de 2009, o projeto começou a ganhar forma, apesar de sua preferência caminhar, até então, em outra direção: “Sempre fui mais apaixonado pela música do que pelos livros. No entanto, quando comecei a escrever prosas, aí a inspiração deslanchou.”

“Lembranças, Dores e Saudades – Memórias e Mentiras” retrata nos diversos episódios (48 textos) a vida simples do interior, fatos e imaginações. Além, é claro, de algumas mentiras, que são os textos criados através da imaginação, e que poderiam até ter acontecido, mas, em relação aos casos descritos, não ocorreram, embora, em alguns deles, fica a dúvida sobre se aconteceram, ou não. Nesse particular, Romero faz uma “Homenagem aos Mentirosos”. O texto com esse título é uma confissão sobre a sua condição de mentiroso, ao contar “quando o que relato não são coisas verdadeiras”.

Ao apregoar tal fato, busca salvar-se de uma eventual interpretação equivocada, recorrendo a “um grande mentiroso: Ariano Suassuna”, de O Auto da Compadecida, um dos clássicos da literatura brasileira. Está lá nos escritos de Moacir Romero, “que a mentira são histórias inventadas, apenas para provocar risos”. Por isso, “sou um mentiroso quando o que relato não são coisas verdadeiras”.

Sem dúvida, além de proporcionar uma leitura leve, testemunhal e ricamente humana, “Lembranças…” ajuda a viajar no tempo e a buscar na memória do leitor as suas próprias histórias, dores e saudades.

Lançamento virtual: dia 19/2/2022, às 19h30, na Fábrica das Artes, em Americana.

Rua Cícero Jones, 146, Vila Redher