A morte do empresário e influenciador Ricardo Godoi, no dia 20 de janeiro, em Itapema, Santa Catarina, trouxe à tona importantes questionamentos sobre a segurança no uso de anestesia geral em procedimentos não médicos. O influenciador digital faleceu após ser submetido a anestesia geral para a realização de uma tatuagem. O caso, que está sob investigação, resultou na exumação do corpo para apurar as causas do óbito.

Médica comenta morte de influenciador

De acordo com a médica especialista em medicina legal e perícia médica, Caroline Daitx, as causas de óbito relacionadas à anestesia geral podem ser diversas. “A anestesia geral, que inclui sedação e intubação orotraqueal, pode trazer riscos, como hipóxia, aspiração de conteúdos gástricos, reações adversas a fármacos e complicações mecânicas, como barotrauma e pneumotórax”, explica.

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Daitx destaca que erros técnicos e a ausência de conformidade com protocolos de segurança podem contribuir para o desfecho trágico. “Lesões traumáticas nas vias aéreas, distúrbios hidroeletrolíticos e complicações como laringoespasmo ou broncoespasmo podem ocorrer durante a manipulação das vias respiratórias, especialmente em pacientes com condições prévias, como asma”, detalha.

Morte de influenciador após anestesia para tatuagem acende alerta

A médica ressalta que a causa final de óbito em casos como este, geralmente, é a parada cardiorrespiratória (PCR). No entanto, a identificação de fatores desencadeantes exige investigação rigorosa, que inclui a análise do prontuário médico, detalhando os fármacos administrados e os procedimentos realizados antes, durante e após a anestesia.

A necropsia e exames toxicológicos também desempenham papel fundamental na investigação, embora algumas condições, como distúrbios hidroeletrolíticos e espasmos das vias aéreas, não possam ser identificadas por este método. “A presença de conteúdo gástrico em vias aéreas, lesões traumáticas e uso inadequado de ventiladores podem ser analisados na necropsia, complementando a avaliação pericial”, afirma a especialista.

Esse caso trágico reforça a importância de uma avaliação pré-operatória criteriosa, o uso adequado de equipamentos e o treinamento constante das equipes médicas. “A prevenção de complicações graves ou fatais depende de um monitoramento rigoroso durante todas as fases do procedimento anestésico”, conclui a perita.

Fonte: Caroline Daitxmédica especialista em medicina legal e perícia médica. Possui residência em Medicina Legal e Perícia Médica pela Universidade de São Paulo (USP). Atuou como médica concursada na polícia científica do Paraná e foi diretora científica da Associação dos Médicos Legistas do Paraná. Pós-graduada em gestão da qualidade e segurança do paciente. Atua como médica perita particular e promove cursos para médicos sobre medicina legal e perícia médica.

 

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