da FSP- Roupas fabricadas por um grupo de bolivianos submetidos a trabalho em condições análogas à da escravidão ganhavam etiqueta de marca e depois eram distribuídas e vendidas numa das principais rede de varejo do país.
A oficina de fundo de quintal funcionava em Americana.
Nela, ao menos oito imigrantes produziam peças com a etiqueta “Basic +”, sob encomenda da empresa HippyChick.
A marca era vendida nas Lojas Americanas –segundo a fiscalização, não ficou comprovada conivência da rede de varejo com a produção terceirizada das roupas.
A situação degradante dos bolivianos foi descoberta pelo Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho no fim do mês passado.
A operação foi acompanhada pela reportagem.
Segundo o Ministério Público do Trabalho, “há provas robustas da relação comercial” entre HippyChick e Americanas: depoimentos, informações consignadas em ata, provas materiais (como a peça-piloto e as etiquetas da marca) e uma prova informatizada (a HippyChick mantém um login de acesso on-line para trocar pedidos e notas com a Americanas).
Responsável pela oficina, o boliviano Gabriel Alanes Llusco disse que, a cada dez dias, tinha que entregar mil peças para a HippyChick.
No momento da operação, o barulho das máquinas se confundia com o de uma música em espanhol. A área tem o teto baixo e fica apertada com muitas mesas de máquinas de costura, cadeiras com estofamento improvisado e um amontoado de fios.
“Sei que estávamos errados, mas preciso manter minha família e ganho menos com o trabalho com carteira assinada”, disse Eusebia Vilalobos, mulher de Llusco, o responsável pela oficina.
“Tenho um irmão em São Paulo com oficina de roupa regular. ?? o que a gente quer fazer aqui, mas isso demora.”