Nas relações internacionais, neste século XXI, novamente Estados Unidos e Rússia despontam como as duas potências que pretendem a hegemonia das ações tomadas no globo quanto à política e à economia e nesse momento o fazem por meio de demonstração de força bélica. A disputa se dá no sentido de manter a hegemonia e a bipolaridade das relações internacionais.

O presidente americano Donald Trump neste início do mês de abril de 2017 autorizou um ataque militar em território sírio, visando bombardear locais de armazenamento de armas químicas, tendo em vista que segundo o governo americano, essas armas foram utilizadas em ataques aos cidadãos sírios, por determinação do governante Bashar al-Assad, o qual nega as acusações e imputa tais ataques aos insurgentes de seu governo.
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas aprovou em 2004 a Resolução 1540 visando a não proliferação de armas químicas de destruição em massa, entretanto, não é a primeira vez que o governo sírio é acusado de utilizar em seus conflitos internos desses meios.
A opinião pública busca paradigmas e um deles romantiza as ações de governantes como no caso do presidente Barack Obama, quem obviamente, esteve mais próximo do povo, entretanto, trabalhou no que era importante para a busca dos interesses nacionais naquele momento. Na atualidade é necessário pensar que o perfil do presidente Donald Trump difere do governante anterior e que de certa forma Trump está cuidando da política externa e interna de seu país.
Ataques militares reativos americanos, dessa monta, podem desequilibrar a balança de poder. Restam dúvidas se a Rússia tentará restaurar o equilíbrio, se a ofensiva americana foi pontual e se o ocorrido é uma demonstração de força em territórios controlados pelo grupo considerado terrorista denominado Estado Islâmico.
Todo o exposto são possibilidades. A respeito do ataque dos Estados Unidos à Síria, meditando sobre os conflitos no cenário internacional e quem pode efetivamente intervir, observa-se que Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia têm poder de voto e veto no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e são responsáveis pelas decisões tomadas a nível internacional em situações sensíveis, tais como o direito humanitário, direitos humanos e as possibilidades de ataques militares.
O governo dos Estados Unidos determinou ofensiva militar ao território sírio visando destruir armamento químico, onde França e Reino Unido apoiaram a decisão de Trump. O Estado chinês estava reunido com o governante americano naquela ocasião. O Estado alemão, que também é membro da Organização das Nações Unidas, deferiu apoio ao ataque americano. A Turquia pediu a saída do governante sírio para estabelecer a ordem interna do país e Irã e Rússia são os apoiadores do governo de Bashar al-Assad.
Bem, até este ponto não falamos em direitos humanos, humanitários e fundamentais. Agora a questão: mesmo que a justificativa para o ataque seja a defesa de civis, o ataque tem cunho de defendê-los ou minar as estratégias geopolíticas da Rússia na região?
Certo é que cidadãos sírios estão padecendo pelas mãos do próprio governo e os insurgentes desse governo, o que levou a Europa a se ver obrigada a participar das soluções da crise humanitária que leva em fuga ao território europeu, diariamente, uma série de refugiados de guerra, dos quais, muitos são sírios.
Interpretar a posição geográfica da Síria já sugere algumas respostas. A bipolaridade da hegemonia desponta no sentido de quem irá controlar a região da Ásia Ocidental, onde se localiza a Síria, americanos ou russos, os quais segundo a história da humanidade estiveram envolvidos nessa bivalência por ideologias e por ataques mútuos na guerra-fria. A questão que resta é que valor atribui-se à vida humana? O direito de viver depende da nacionalidade e do lugar em que o indivíduo esteja?
Pelo questionamento infere-se que a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 foi aprovada mediante o horror causado pelo holocausto aos seres humanos nas duas guerras mundiais, entretanto, os direitos declarados neste tratado internacional e nos sequentes, não foram suficientes para sufocar os anseios de poder e controle das potências mundiais sobre territórios e povos.
As estratégias militares maquiadas de defesa dos direitos humanos dos civis sírios podem não passar de manobras descritas na expansão de território, denominada, teoria do espaço vital, utilizando-se da política para movimentarem o cenário internacional favoravelmente a um dos lados, desconsiderando os direitos dos civis envolvidos involuntariamente no conflito político da Síria.