da DW Brasil-

Na primeira celebração pública no Vaticano desde que recebeu alta hospitalar, o papa Francisco manifestou neste domingo (18/07) preocupação com o momento vivido por Cuba, que sofre os efeitos de uma grave crise financeira e dificuldades para combater a pandemia, o que provocou protestos contra o regime que governa a ilha há seis décadas.

“Estou junto com o querido povo cubano nestes tempos difíceis, em particular das famílias, que são as que mais sofrem. Rezo ao Senhor para ajudar a construir uma sociedade cada vez mais justa e fraterna em paz, diálogo e solidariedade”, declarou o líder religioso, depois de rezar o Angelus da janela do Palácio Apostólico.

Francisco, que recebeu alta na última quarta-feira após dez dias no hospital para uma cirurgia de cólon, fez uma breve referência aos protestos maciços na ilha no caribe.

A referência a Cuba foi saudada pelos aplausos dos fiéis e peregrinos que escutaram suas palavras da Praça de São Pedro, alguns carregando bandeiras cubanas. O Papa convidou a população do país a confiar na padroeira da ilha, Nossa Senhora da Caridade de El Cobre. “Ela os acompanhará nesta viagem”, prometeu.

Cuba vive os maiores protestos antigovernamentais desde o chamado “Maleconazo”, de agosto de 1994. As manifestações atuais, reprimidas pelo governo, ocorrem em meio a uma grave crise econômica e de saúde, com dificuldade para lidar com a pandemia e a grave escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, bem como longos cortes de energia.

O governo cubano tem reprimido duramente as manifestações. Mais de cem pessoas foram detidas em confrontos após o presidente do Conselho de Estado cubano, Miguel Díaz-Canel, ter pedido para seus apoiadores enfrentarem os manifestantes. Tanto a alta comissária dos Direitos Humanos das Nações Unidas quanto a ONG Human Rights Watch pediram a libertação dos prisioneiros. Muitos seguem com paradeiro desconhecido.

Francisco, o primeiro papa latino-americano na história, visitou Cuba em 2015, em parte de uma viagem que também o levou aos Estados Unidos. Depois se encontrou com Fidel Castro em sua casa em Havana, meses antes da morte do líder cubano, em 2016.

O pontífice acompanha a situação na ilha e demonstrou isso mediando a aproximação histórica com os EUA entre 2014 e 2016. O papel do papa no processo levou Raúl Castro e o então presidente americano Barack Obama a agradeceram o pontífice.

Neste domingo, o papa também pediu o fim da violência na África do Sul e classificou como “catástrofe” as enchentes na Alemanha, Bélgica e Holanda.