Pássaros de estimação precisam de proteção no inverno

Veterinária alerta para sinais de sofrimento, formas seguras de aquecer o ambiente e alimentação adequada nesta época do ano

As temperaturas caem e, com elas, aumentam os riscos para a saúde dos companheiros mais leves e cantantes: os pássaros. Apesar de transmitirem leveza, alegria e beleza por onde passam, essas aves de estimação podem ser extremamente sensíveis ao frio, principalmente as tropicais, como canários, periquitos e agapórnis. A hipotermia, por exemplo, pode levar à morte se não for percebida a tempo.

A médica veterinária Morgana Prado, especializada em animais não convencionais do Hospital Veterinário Taquaral (HVT), em Campinas-SP, explica que nem todos os pássaros sentem o frio da mesma forma. Algumas espécies são naturalmente mais resistentes, enquanto outras sofrem muito com as baixas temperaturas.

As mais vulneráveis costumam ser as pequenas aves tropicais, como o canário (Serinus canaria), o periquito-australiano (Melopsittacus undulatus) e o agapórnis (Agapornis roseicollis). Já calopsitas, maritacas e papagaios têm sensibilidade moderada, enquanto pombos, rolinhas e galinhas se adaptam melhor ao frio.

Como identificar sofrimento por frio

Saber interpretar os sinais é fundamental, já que os pássaros são discretos e tendem a esconder sintomas por instinto de sobrevivência. “Penas eriçadas, quietude excessiva, pés frios, respiração alterada e postura encolhida são sinais de que a ave está sofrendo com o frio”, explica a veterinária.

Sintomas mais graves, como tremores intensos, respiração ofegante, mucosas azuladas e a ave deitada no fundo da gaiola, indicam urgência em buscar atendimento.

Ambiente aquecido com segurança

Manter a gaiola em um local sem correntes de ar, longe de janelas e portas, e sempre acima da linha do chão é uma das principais recomendações. “Cobrir a gaiola à noite com uma manta grossa – deixando uma fresta para ventilação – também ajuda. Mas nunca use plásticos, pois abafam e acumulam gases tóxicos”, orienta.

Se for necessário aquecer o ambiente, o ideal é usar lâmpadas de cerâmica com termostato ou aquecedores próprios, mantendo a temperatura entre 22 °C e 28 °C para as espécies mais sensíveis. “Lareiras, velas, aquecedores a gás, secadores e lâmpadas comuns estão fora de cogitação”, esclarece a doutora.

Viveiros

Pássaros criados soltos em viveiros ou aviários exigem cuidados diferentes. Como ficam mais expostos ao clima, é necessário fornecer abrigo e ninhos fechados, proteger as laterais contra o vento, manter o piso seco, substrato sempre higienizado e reforçar a dieta. “Em alguns casos, dependendo da espécie, até o uso de aquecimento localizado pode ser necessário”, afirma Morgana.

Pássaros de estimação precisam de proteção no inverno

Viveiros devem dispor de abrigos para os pássaros. Casinhas de tecido estruturado são boas opções para o interior de gaiolas

Alimentação reforçada, mas sem exageros

Com o frio, os pássaros gastam mais energia para manter a temperatura corporal, o que pode exigir pequenas mudanças na dieta. Segundo Morgana, é importante aumentar o valor calórico com equilíbrio: “sementes oleaginosas são bem-vindas, assim como fontes de proteína leve, como o ovo cozido, além de manter a oferta de frutas e vegetais em temperatura ambiente”. Ainda de acordo com Morgana, é importante monitorar o consumo de água para não faltar hidratação.

Se o passarinho for idoso, estiver em fase de mudança de penas ou com histórico de doenças, a suplementação vitamínica pode ser indicada nesta época – sempre com orientação veterinária. Vitaminas como A, C, E e as do complexo B ajudam a fortalecer a imunidade.

Banho no frio?

A higiene segue essencial no inverno, mas os banhos precisam ser adaptados. “Aves saudáveis podem tomar banho se o ambiente estiver aquecido, sem vento e com possibilidade de secagem completa ao sol filtrado ou próximo a uma janela protegida”, diz a veterinária. A água deve estar morna ao toque, nunca quente, e o melhor horário é entre 11h e 15h.

Se a ave estiver doente, idosa, em época de mudar as penas ou for muito jovem, o ideal é substituí-lo por panos úmidos ou lenços específicos vendidos em pet shops (sem fragrância, álcool ou sabão).

Doenças de inverno

Infecções respiratórias como rinites, sinusites, bronquites e até pneumonia são mais frequentes no inverno. Também podem surgir problemas na muda, hipotermia e doenças digestivas. Espirros, secreções nas narinas, respiração ruidosa, letargia e penas eriçadas são sinais de que algo não vai bem. “Quanto antes o atendimento for iniciado, maiores as chances de recuperação”, alerta.

E atenção: check-ups regulares são fundamentais. “O ideal é ao menos uma vez por ano, ou a cada seis meses, principalmente durante trocas de estação”, recomenda a veterinária.

Foto: Matheus Campos. Médica-veterinária Morgana Prado, especializada em animais não convencionais do Hospital Veterinário Taquaral (HVT)

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