(Reuters) – O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira que o governo vai encaminhar a reforma administrativa para a Câmara na próxima semana. Em evento na Fundação Getúlio Vargas, o ministro frisou a importância de ajustar regras dos salários do funcionalismo, ressaltando que parte da categoria virou ???parasita???.
???O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação, tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo???, disse. ???O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático. A população não quer isso???, acrescentou.
As declarações do ministro foram feitas durante a defesa da aprovação de reformas estruturais, como a do pacto federativo. A proposta enviada ao Congresso prevê a criação de um mecanismo de emergência fiscal que permite ao governante suspender por até dois anos aumentos para os servidores público, em caso de dificuldades fiscais.
Segundo o ministro, o Congresso está ???abraçado??? à agenda de reformas do governo, cenário que disse considerar bem diferente do visto no início do governo Jair Bolsonaro. O ministro afirmou, ainda, que tem recebido apoio do presidente Bolsonaro ???em tudo??? na pauta econômica.
POL??MICA- As falas do ministro desencadearam manifestações contrárias de entidades que representam categorias do funcionalismo, inclusive dentro do próprio Ministério da Economia.
No fim da tarde, a pasta divulgou nota afirmando que a fala do ministro foi tirada de contexto pela imprensa e que o ministro apontou a necessidade de mudanças nas regras do funcionalismo em meio ao quadro de penúria enfrentado por Estados, sendo que parte deles já estão gastando mais com pessoal do que o limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
???Nessa situação extrema, não sobram recursos para gastos essenciais em áreas fundamentais como saúde, educação e saneamento???, disse a nota.
???O ministro argumentou que o país não pode mais continuar com políticas antigas de reajustes sistemáticos. Isso faz com que os recursos dos pagadores de impostos sejam usados para manter a máquina pública em vez de servir à população: o principal motivo da existência do serviço público???, completou.
A Unafisco, que representa auditores fiscais da Receita Federal, emitiu nota de repúdio, afirmando que a comparação feita por Guedes de funcionários públicos com parasitas era rasa e generalizada.