Por que quem tem um gato sempre tem mais?
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O aumento expressivo da população de gatos como animais de estimação nos últimos anos tem despertado a curiosidade de especialistas e tutores. Segundo o médico veterinário e docente da Universidade Cruzeiro do Sul, Adalberto Von Ancken, há fatores históricos e comportamentais que explicam essa tendência e a predileção dos tutores por múltiplos felinos.
A história dos gatos como animais domesticados remonta ao Egito Antigo, mas, comparada à dos cães, é relativamente recente. Ao longo dos séculos, surgiram crenças sobre a capacidade dos felinos de proteger os seres humanos de energias ruins e influências negativas. Além disso, suas características comportamentais os tornam altamente adaptáveis à vida urbana, especialmente em apartamentos.
“Os gatos são extremamente limpos, confiáveis e seletivos. Eles escolhem as pessoas de quem gostam e retribuem aquilo que recebem. Isso os torna companheiros muito especiais para os tutores”, explica Von Ancken. Outra vantagem do gato sobre o cão é a independência: ele não precisa de passeios diários e se adapta bem à rotina dos tutores, o que facilita sua criação em espaços reduzidos.
Com o crescimento das cidades e a verticalização das moradias, estima-se que, nos próximos 10 a 15 anos, a população de gatos possa igualar ou até superar a de cães. Isso se deve, em parte, à facilidade de manejo e ao comportamento mais independente dos felinos.
Quantos gatos são ideais?
Embora seja comum que quem tem um gato acabe adotando outros, o veterinário alerta para a necessidade de equilíbrio na quantidade de animais em um mesmo lar. “O gato é um animal territorialista e precisa de espaços individuais para dormir, comer e brincar. Quando há muitos gatos no mesmo ambiente, a divisão desses territórios pode gerar estresse”, afirma Von Ancken.
Estudos indicam que dois ou três gatos são um número adequado para garantir um convívio harmonioso. Introduzir um novo felino ao ambiente exige cuidado e planejamento. “O ideal é permitir uma adaptação gradual, trazendo objetos com o cheiro do novo gato antes de inseri-lo no espaço compartilhado”, recomenda o especialista.
A introdução de um novo gato na casa pode ser desafiadora. Von Ancken relata casos em que tutores acreditam estar ajudando seu gato a se sentir menos sozinho, mas acabam gerando reações adversas. “Já vi situações em que um gato ficou imóvel e sem comer por mais de 24 horas após a chegada de um novo companheiro. Cada felino tem sua individualidade e pode reagir de maneira imprevisível a mudanças no ambiente”, alerta.
O especialista recomenda uma quarentena de 10 a 15 dias antes da aproximação física entre os animais, permitindo que se acostumem gradualmente com o cheiro um do outro. Esse período também ajuda a evitar a transmissão de doenças entre os felinos.
A crescente popularidade dos gatos se justifica pela praticidade e pelo vínculo afetivo que estabelecem com seus tutores. No entanto, antes de aumentar o número de felinos em casa, é essencial avaliar o espaço disponível e as necessidades comportamentais dos animais para garantir uma convivência harmoniosa.
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