Os primeiros dias de janeiro costumam carregar otimismo e esperança para o ano que se inicia. Para as mulheres da Região do Polo Têxtil, no entanto, essa sensação durou pouco, pois os recentes dados da SSP (Secretaria Estadual de Segurança Pública), divulgados na última terça-feira com relação aos casos de estupro, assustaram a região. De forma alarmante os números apresentam o crescimento de 84%, comparado ao mesmo período no ano de 2016.

Herança história de uma sociedade patriarcal, as características desses crimes sofreram alterações nos últimos anos.  A relação de casos de roubo seguido de estupro está em alta e os criminosos são cada vez mais jovens.
Assim sendo, o aumento dos casos de estupro nos coloca um desafio audacioso que ultrapassa a barreira das instituições e órgãos públicos. O debate sobre as variadas violências que as mulheres sofrem cotidianamente continua na ordem do dia e deve ser pauta no ambiente escolar.
Notícias sobre violência contra a mulher vem ganhando espaço nos principais meios de comunicação, que cumprem seu papel de investigar e tornar público, ao mesmo tempo em que, a partir de políticas públicas, leis e discussão sobre o tema, esses crimes assumiram outro tom para a nossa sociedade. No entanto, apesar desses esforços, o problema está longe de ser resolvido. 
Notícias desse tipo se misturam com esquecimento, naturalização e uma busca incessante em responsabilizar as vítimas, basta ler os comentários eivados de ódio nos grandes portais da internet. 
A urgência em combater esse tipo de crime se estendeu para um debate profundo sobre a naturalização da violência contra a mulher, desde a violência psicológica à agressão, pois são nas atitudes do dia a dia que percebemos os sinais iniciais da violência. 
Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio, já nos dizia que a primeira condição para modificar nossa realidade consiste em conhecê-la. O ambiente mais adequado para o conhecimento é sem dúvidas o ambiente escolar. Assim, no ano letivo que se inicia, é dever e tarefa de todo educador intensificar os diálogos acerca desse tema.
Milena Gomes SoaresEstudante de História