No domingo, dia 26 de maio, morreu Roberto Civita, um dos maiores empresários de mídia do Brasil. Um Rupert Murdoch brasileiro, sem TV. Mais liberal do que conservador. De direita. Dono do Grupo Abril, que comporta uma infinidade de revistas, tendo a mais influente do Brasil, Veja, como carro-chefe.
Roberto Civita era defensor intransigente da democracia política e da economia de mercado. Civita travou batalhas ferrenhas contra defensores do estatismo intervencionista. Não poupava políticos nacional-desenvolvimentistas nem socialistas e comunistas. Defendia privatizações, estado-mínimo, livre-comércio e demais fundamentos econômicos caros ao liberalismo. Tratava o Estado socialista com escárnio. Defendia a democracia liberal.
Amado por uns e odiado por tantos outros. O Murdoch brasileiro será lembrado com azedume por setores amplos das esquerdas que nunca vão esquecer as críticas ácidas que os jornalistas de Civita escreveram (e escrevem)contra fundamentos políticos e econômicos de esquerda. Contra Karl Marx. Contra Che Guevara, Fidel Castro e outros personagens que fazem parteda trajetória esquerdista.Até o marxismo cultural entra na mira de alguns blogueiros de Veja, aproximando a marca conservadores.
Não menos azeda será a lembrança que alguns políticos terão de Civita. Políticos que nunca mais se levantaram depois de figurarem nas capas da revista acusados de envolvimento em escândalos de corrupção. Paulo Maluf é um. Fernando Collor é outro. O agora Senador Fernando Collor pediu o indiciamento de um repórter de Veja para o mesmo explicar na CPI sua aproximação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, fonte do jornalista. A tentativa de Collor não prosperou.
Sim. Odiado por uns e amado por tantos outros. O dono do Grupo Abril será celebrado pela classe média moralista, por liberais e conservadores, tucanos e anti-petistas em geral, como um dos bastiões da democracia e da economia de mercado.
Dez anos depois mais um Roberto das comunicações se foi. Roberto Marinho, dono do Grupo Globo, morreu em 2003. Roberto Civita se vai em 2013. No mesmo ano de Civita, outro liberal, Ruy Mesquita, dono do Estadão. Vilões para uns, heróis para outros, os três já entraram para a história do Brasil.