Um marco na história da arte e uma das principais referências culturais brasileiras, a Semana de Arte Moderna rompeu com a tradição da produção artística da época, revelando uma nova estética vanguardista e, ao mesmo tempo, de valorização da brasilidade. Com grande força literária e algumas ações musicais, a maior parte da produção da Semana, que aconteceu em São Paulo entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, foi direcionada às artes plásticas. Dada a ausência da arquitetura no evento, Aldo Urbinati, arquiteto e fundador do Estudio Tupi, iniciou uma pesquisa sobre quais seriam as origens do movimento modernista na arquitetura brasileira. Assim, nasceu a obra Mãe-Eiffel, como parte da sua tese de doutorado apresentada no departamento de Teoria e História da Arquitetura da Architectural Association School of Architecture, em Londres.
Mãe-Eiffel é uma obra de arte multifacetada entre textos, desenhos, esculturas, fotos, maquetes, projetos e um filme, construída ao longo de quase dez anos de trabalho do Estúdio Tupi. Tudo parte da ideia – um mito fundacional – de que a origem do modernismo na arquitetura brasileira se dá com a aparição da chamada Torre Eiffel Sideral, uma conjunção de astros em forma da torre, que foi vista nos céus da fazenda de café Morro Azul, localizada entre os municípios de Limeira e Iracemápolis, interior de São Paulo. Esse acontecimento está registrado na obra do poeta franco-suíço Blaise Cendrars, que veio ao Brasil especialmente para vê-lo, a convite de amigos modernistas como Oswald de Andrade e Paulo Prado.
A reconstrução dessa lenda, de que esta obra de Cendrars e a própria Torre Eiffel Sideral estão na origem da arquitetura moderna brasileira, é sintetizada na obra Mãe-Eiffel (exposta atualmente na fachada do edifício projetado por Paulo Mendes da Rocha, que já foi ocupado pela Forma e hoje é da Uniflex, na Av. Cidade Jardim, São Paulo) e será apresentada na série de palestras Mãe-Eiffel: Origem da Arquitetura Moderna Brasileira, comandadas pelo arquiteto e pesquisador, incluindo uma no Teatro Unimed, em São Paulo, em 25 de novembro, às 19h30, onde será exibido em avant-première o filme YemanJoyce, que ilustra a construção deste mito fundacional.