O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira prorrogar por mais 60 dias o inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir no comando da Polícia Federal. O governo e o presidente Bolsonaro esperavam uma vitória- o arquivamento do caso- para conduzir Alexandre Ramagen para o comando da Polícia Federal.

No mesmo despacho, Moraes pediu para que o procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifeste em cinco dias sobre a posição de Bolsonaro na véspera, que informou que não faria um depoimento presencial nesse inquérito. Apesar da posição expressa por Bolsonaro, a questão sobre seu depoimento neste inquérito ainda não foi definida pelo Supremo.

Na véspera, a AGU havia lembrado que o prazo do inquérito estava para ser encerrado e ainda destacado que a divulgação da íntegra do vídeo da reunião ministerial de abril “demonstrou claramente infundadas quaisquer das ilações que deram ensejo ao presente inquérito”.

O formato do depoimento de Bolsonaro ainda está em aberto. O ministro Marco Aurélio Mello, que foi relator substituto, chegou a se posicionar a favor do depoimento por escrito do presidente. Contudo, essa questão foi levada posteriormente ao plenário do Supremo.

Ex-relator do inquérito que se aposentou no início do mês passado, Celso de Mello votou para que Bolsonaro prestasse depoimento presencial, mas os demais ministros não votaram no caso. O presidente do STF, Luiz Fux, não marcou uma nova sessão para continuar a apreciação dessa questão em plenário.

Na prática, Bolsonaro não esperou um posicionamento final do plenário do Supremo para se manifestar sobre o assunto. O inquérito foi aberto após o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro acusar Bolsonaro de tentativa de interferência na PF.