O temporal que atingiu São Paulo na tarde de hoje (24) trouxe caos à capital paulista, com ruas inundadas, uma estação de metrô alagada e cerca de 94 mil imóveis sem fornecimento de energia elétrica. Foi a primeira vez que a Defesa Civil emitiu um “alerta severo” para a cidade.
Em apenas três horas, choveu quase metade do volume esperado para o mês inteiro, de acordo com o tenente Maxwell de Souza, porta-voz da Defesa Civil.
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O acumulado chegou a 122 milímetros, equivalente a 47,42% da média histórica de janeiro, que é de 257,3 mm. Enquanto isso, a Enel, concessionária de energia, registrou um pico de 140.997 imóveis sem luz na capital por volta das 17h, com o número de 116.268 afetados em todo o estado.
O temporal ocorreu poucos dias após São Paulo registrar o dia mais quente do ano, na terça-feira (21), quando os termômetros alcançaram 34,5ºC.
Menos de 1% da rede elétrica brasileira é subterrânea. São Paulo possui apenas 60 quilômetros de cabos aterrados, enquanto cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte contam com 11% e 2% de redes subterrâneas, respectivamente.
Temporal e rede elétrica
No cenário internacional, o contraste é ainda mais evidente: Londres e Paris começaram a enterrar seus fios no século XIX, e Nova York já possui 71% de sua rede subterrânea.
A implementação de redes subterrâneas em São Paulo, no entanto, esbarra nos custos elevados. A Prefeitura estima que apenas a região central demandaria investimentos de aproximadamente R$20 bilhões.
O deputado Marcel Crivella relembrou o Projeto de Lei nº 37/2011, de sua autoria, que obrigaria as concessionárias a substituir redes aéreas por subterrâneas em cidades com mais de 100 mil habitantes. Arquivado na época, Crivella lamenta a oportunidade perdida: “Se tivesse sido aprovado, hoje contaríamos com uma rede mais segura e eficiente”.
Especialistas e parlamentares argumentam que a crise energética atual deve ser um alerta para a necessidade urgente de modernização do setor elétrico, especialmente em um contexto de mudanças climáticas e tempestades mais frequentes. “Precisamos de uma rede de distribuição à altura dos desafios impostos pelas crises climáticas, que assegure um fornecimento estável e seguro para todos”, concluiu Crivella.
O debate sobre redes subterrâneas deve continuar a ganhar força, unindo esforços entre gestores públicos, concessionárias e sociedade civil para modernizar a infraestrutura energética de São Paulo e do Brasil.
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