O carnaval, festa mais popular do Brasil, é sinônimo de extravasar, “soltar a franga” e deixar de lado alguns tabus. Está relacionado também à liberdade de expressão (para alguns libertinagem), e visto como uma forma de apelo sexual, onde se pode fazer aquilo que se tem vontade, permitir-se e seguir a “onda”.
A psicóloga Lizandra Arita fala sobre esse “mundo imaginário de liberação” e até que ponto podemos considerar o comportamento festivo como algo normal e sadio. “?? uma data que tudo pode. No entanto, é preciso considerar que a comemoração passa, e após isso, as consequências podem ser desastrosas”, adverte.
“Quando se vive numa sociedade onde há uma educação familiar repreensiva, os mais jovens enxergam essa data como o momento ideal para extravasar. ?? comum expressar tudo o que seria repreendido pelos pais e pela sociedade, visto que a conduta é coletiva e não individual e as chances de receber críticas são mínimas”, pontua.
Desejo sexual aflorado
Também muito associado ao sexo e ao abuso de bebidas alcoólicas, a psicóloga cita a neurociência que determina que o homem, por sua vez, possui o instinto ligado ao olhar, se interessa pelas curvas femininas que, neste caso, estão mais expostas. Nas mulheres, o cortéx órbitofrontal lateral esquerdo, responsável pelo controle dos desejos, nessas situações, é desligado, permitindo a quebra de pudores e entrega aos instintos sexuais.
Ao se deparar com um ambiente permissivo, onde “tudo é liberado”, pessoas que tiveram uma infância regrada à uma educação rigorosa ou saíram de relacionamentos longos ou sufocantes, podem encontrar no carnaval a oportunidade de vivenciarem tudo o que estava represado e causava frustração.
“?? também a exposição da criança interior que sempre existiu, mas que estava incubada. Num cenário de permissividade, existe espaço também para atitudes impulsivas, paixões repentinas, e muitas vezes, consequências graves”, conclui.