O Brasil e o mundo estão atentos aos desdobramentos do julgamento desse que foi e ainda é o maior líder político do nosso país e um dos mais importantes do mundo.

A reviravolta judicial ocasionada pelas mensagens divulgadas entre os membros da famigerada força tarefa de Curitiba, uma quadrilha de bandidos que mereceram até mesmo bonecos infláveis e título de heróis, está deixando perplexas as maiores autoridades jurídicas do Brasil e do mundo. O New York Times, um dos maiores jornais do mundo, senão o maior, chegou a dizer que se trata de um dos maiores escândalos jurídicos de todos os tempos e o maior já ocorrido no Brasil. Essa opinião é compartilhada também pelos principais juristas brasileiros.

 

Não sou eu quem está afirmando, quero deixar claro, é o New York Times, são juristas e intelectuais mundialmente reconhecidos, é também a ABJD, Associação de Juristas pela Democracia, que aponta a suspeição do ex-juíz Sergio Moro. Suspeição, suspeito por dezenas de evidências que indicam que sua atuação foi parcial, ao contrário do que se espera de juiz para que se faça de fato justiça. O mundo inteiro acompanha o que se passa aqui. Estamos passando o maior vexame já vivido pelos brasileiros em toda a sua história. Os processos contra o Lula foram anulados porque após a exposição dos diálogos entre os membros da lava jato explicitaram o quanto o jogo foi combinado para justamente culminar na condenação e exclusão do Lula da disputa eleitoral de 2018. É como se num jogo de futebol o juiz ao termino do campeonato fosse nomeado presidente do time vencedor.

 

Num estado democrático de direito, como é o Brasil, juiz, promotoria e defesa (advogados) tem papéis distintos, não cabe ao juiz conduzir a promotoria ou embarreirar as ações da defesa (como fizeram em vários episódios, por exemplo, grampeando ilegalmente os telefones dos advogados de Lula).

Isso sem contar a sucessão de vexames envolvendo os patetas que foram a Israel ensinar a vacinar o país com praticamente 100% da sua população já vacinada. É vergonha em cima de vergonha.

 

No entanto percebemos que ainda há certos setores da sociedade que se comportam como aqueles torcedores de futebol que veem seu time ganhar um campeonato com um pênalti escandalosamente roubado e saem comemorando, batem no peito felizes e não se importam de ter ganho de maneira desonesta mesmo sabendo que foi desonesta e injusta a conquista.
O que importa é ganhar, não importa como e em que circunstâncias se deu a conquista.

Essa “ética” não se limita apenas às famosas quatro linhas do gramado, ela está presente nas eleições ganhas a qualquer custo, nas licitações fraudadas, no oportunismo bajulador das nomeações em cargos públicos baseadas no toma lá dá cá, no fura filas de vacinas, no recebimento de proventos ilegais em pleno momento histórico de fome e miséria que assolam o país. Até mesmo em pequenos delitos diários como ultrapassar pelo acostamento, aceitar troco errado, subornar o policial que te multa, etc, etc, etc. Tudo isso é muito aceito no cotidiano com a lógica do “é claro, não sou trouxa!”

Não aceitam a ideia de ver uma pessoa que poderia se beneficiar financeiramente com sua posição se satisfazer vendo a alegria dos mais necessitados pois a medida dos seus julgamentos é de acordo com seu metro, com sua própria visão e valores. É lógica da lei das vantagens pessoais e da hipocrisia como estamos vendo agora com o acobertamento das falcatruas envolvendo a compra (por um dos filhos do presidente) de uma mansão de 6 milhões que em Brasília todos sabem que ela vale no mínimo o dobro. De onde veio esse recurso se o patrimonio do comprador era de cerca de 1 milhão de reais? De onde ele tirou 3 milhões (pagos a vista) nesse negócio?
Esses mesmos que acham normal uma condenação sem nenhuma prova devido a uma suposta compra de um apartamento fajuto, se calam diante de fatos notadamente comprovados das irregularidades da compra.

Infelizmente boa parte da população aderiu a narrativa justamente pela atuação sistemática de parte da imprensa para legitimar e dar ares de normalidade às bizarrices e arbitrariedades cometidas contra Lula e contra o PT. E a quem isso interessa? Quem se beneficiou com isso? As camadas privilegiadas, os 10% mais ricos deste país, que se sentiram incomodados com a ampliação de direitos promovidas por nossos governos, que sentiram que com isso seus próprios privilégios estavam ameaçados.

Juliana Soares é socióloga, professora e vereadora do PT em Americana