Iniciou no dia 26 de abril mais uma paralização nos correios, completando hoje, 8 de maio, 12 dias de greve. O monopólio de atuação no Brasil causa prejuízos a centenas de empresas de e-commerce que dependem das agências para realizar suas entregas. O seguimento, que no Brasil deve crescer 15% em 2017, é um dos poucos que continua crescendo, gerando emprego e abrindo novas empresas. No entanto, vem sendo constantemente ameaçado com as inúmeras greves realizadas pela estatal e seu sindicato.
O monopólio dos correios gera outras duas consequências negativas a esse setor, uma delas, é que por não haver opções o Brasil não se torna um mercado atraente para investidores externos. A outra está diretamente ligada a formulação de preços na logística de entrega devido aos altos valores do frete, que inviabilizam o comércio e a distribuição nacional para diversas localidades. Além dos problemas que impactam a qualidade do serviço a situação se agrava quando as paralizações acontecem.Esse é o caso da H2O Purificadores, o maior comércio online de filtros e purificadores de água do Brasil, líder na internet de vendas da Consul, gigante dos eletrodomésticos. “O comércio online é refém dos preços e agora das reivindicações. Nossa empresa depende de um serviço que não está sob nosso controle. Somos uma empresa criativa e já contornamos o obstáculo, mas todo o mercado online fica prejudicado enquanto os Correios ficam tranquilos, pois vive em um falso paraíso, sem concorrência”, afirma Edielson Silva, CEO da H2O.O advogado Nacir Sales, que representa a H2O, pretende enfrentar a greve na Justiça. “Estou estudando medidas judiciais contra os responsáveis pela greve. Assim como existe o direito de greve, inexiste o direito de prejudicar o segmento já tão afetado pelo monopólio, que é um fator amplificador dos efeitos da greve. Ele causa repressão ao investimento externo no Brasil”.O advogado afirma que haverá uma verdadeira corrida de aquisições de negócios virtuais brasileiros por investidores estrangeiros, assim que o obstáculo do monopólio for removido. “Tanto tenho empresas prontas para receberem investimento estrangeiro, como investidores estrangeiros em passo de espera para investir no Brasil. O sinal de largada é a privatização dos Correios ou o fim do monopólio, para que o Brasil deixe de ser o patinho feio do e-commerce mundial”.Apesar das reivindicações da classe, a privatização parece ser a única solução, inclusive para salvar a estatal. O TST, Tribunal Superior do Trabalho, propôs acordos para encerrar a paralisação, e apesar de alguns sindicatos terem aceitado (cinco deles), ainda há mais de 30 que recusaram. A greve é motivada pela onda de demissões, fechamento de agências, e a possibilidade de privatização do serviço. A empresa vem tendo prejuízo, R$ 2,1 bilhões em 2015, e R$ 2 bilhões em 2016. O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que não haverá socorro fiscal por parte do governo.