O agronegócio tem sido a salvação da economia brasileira. Porém, poderia figurar em outro patamar de qualidade. No epicentro de uma economia de mercado, livre e democrática. Desenvolvido em favor de todos os brasileiros e do mundo, não seria necessária uma “bancada ruralista” para defender seus interesses corporativos; interesses de uma minoria, que poderá transformar-se na maioria das empresas produtoras brasileiras.

Nosso solo não foi tratado, como o foi o dos Estados Unidos há um século.

De todo modo, há tempo para salvar a população planetária, por meio de um grande sistema de sustentação alimentar que deve abranger, também, os países africanos.  Em 2050 a população do planeta será de aproximadamente 10 bilhões de habitantes e, se não cuidarmos da agricultura, boa parte do povo desfilará em automóveis sofisticados, não tirará seus olhos de aparelhos eletrônicos, mas serão verdadeiros zumbis em busca de alimentos.
Podemos integrar os lavradores pobres dos países em desenvolvimento enquanto processo de prioridade econômica? Sem nenhuma dúvida. Mas, como diz Esther Ngumbi,  pesquisadora da Universidade Autum no Alabama, não será nada fácil alimentar o mundo com facilidade. Mudanças climáticas, conflitos sociais e disponibilidade de água doce serão provavelmente os maiores complicadores.
Mas há os micróbios do solo, que, por paradoxal que pareça, podem ser a salvação do homem na terra. Eles ajudam a fomentar a saúde das plantações e melhorar a produção da lavoura. Temos, contudo, que contribuir em favor da população microbiana do solo, repondo-os a solos esgotados e descartando fertilizantes e pesticidas. O meio ambiente agradecerá. Em tal sentido já trabalham vários “startups”, como a Biome Makers, de São Francisco, a Indigo, de Boston e a Patway Biologic na Flórida. Mas não devemos ficar dependentes nas mãos de multinacionais americanas.
Nossas Universidades dispõem de boas condições para desenvolver pesquisas microbianas.  Os pés de milhos plantados em solos de determinadas bactérias criam raízes três vezes maiores. As bactérias também protegem as lavouras das secas. O mercado atual de micróbios é de US$ 2,3 bilhões e podem atingir US$ 5 bilhões nos próximos cinco anos.
Ora, o Brasil, com seu imenso território e seus solos disponíveis, continuará a buscar o desenvolvimento por meio só de produtos industriais de valor agregado, setor em drástica crise, ou deve valer-se dessa imensa riqueza para tornar seu agronegócio fonte de manutenção da vida e de sobrevivência do homem no planeta?  Essa nossa vocação, assim como de países africanos de amplitude territorial, deveria ser posta na liderança de nossas preocupações do desenvolvimento sustentável; democratizar o agronegócio, fortalecê-lo por meio do BNDES em suas expressões médias e pequenas, será a reforma agrária ditada pela ciência e não pela política. Tal como na homeopatia, as bactérias podem ser a fonte de nossa cura e de nossa expressão mundial, num planeta que depende desesperadamente de projetos de sustentação alimentar, sob pena de caminhar-se para seu fim.