Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com varejistas e prestadores de serviços das 27 capitais e do interior do Brasil mostra que para 39% dos empresários a economia irá crescer no segundo semestre. Para 43% dos entrevistados, o segundo semestre será melhor para a economia, do que o primeiro e 38% acham que será igual. Entre os 8% que acreditam que o cenário será pior, as principais consequências serão a dificuldade de manter as contas em dia (27%), a necessidade de reduzir o estoque de produtos (22%) e a dificuldade em economizar e fazer reserva financeira (22%).
“As perspectivas dos empresários sondados e as projeções do mercado mostram que, mesmo com a turbulência observada no cenário político, o País ainda reúne condições para interromper uma sequência de dois anos de queda do PIB. O resultado, porém, tende a ser tímido”, afirma o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.
Já quando indagados sobre o cenário do segundo semestre para suas empresas, 56% dos varejistas acreditam que será melhor do que foi nos primeiros seis meses e 47% esperam que o volume de vendas da empresa seja maior. Entre os 6% que consideram que o semestre será pior para seu negócio, os principais motivos são acreditar que o cenário econômico seguirá ruim e, portanto, atrapalhará os negócios (49%) e porque as vendas estão ruins (39%).
Para os entrevistados, as principais estratégias no segundo semestre para superar a crise econômica são pagar a maioria das compras à vista (17%), fazer pesquisa de preços (14%) e fazer uma reserva financeira (13%). Porém, mesmo com os resultados do primeiro semestre, 51% afirmam não ter um plano para a empresa no segundo semestre de 2017, apenas 16% pretendem ampliar o negócio e 15% lançar novos produtos. Além disso, 13% pretendem adquirir equipamentos e 5% fazer aplicações financeiras periódicas. A melhor notícia é que a grande maioria dos entrevistados não pretende demitir funcionários atualmente: 84% afastam a possibilidade de reduzir o quadro, contra 6% que consideram esta atitude. Ainda assim, 72% não pretendem contratar funcionários no segundo semestre de 2017. Entre os 9% que pretendem contratar, 77% serão formalizados pela própria empresa e 88% pretendem oferecer o mesmo salário que sempre oferecem para a função. Sete em cada dez empresários (70%) não substituiriam funcionários atuais por outros com salários mais baixos neste momento de crise, principalmente porque a medida poderia prejudicar a qualidade do serviço (35%).
No entanto, pela sua gravidade, a crise teve fortes impactos nas empresas. De acordo com a pesquisa, 44% dos entrevistados que tiveram que fazer cortes, demitiram funcionários no primeiro semestre. Ao analisar o desempenho do próprio negócio, apenas 21% consideraram que houve melhora no desempenho, na comparação com 2016, enquanto 43% notaram que não houve piora nem melhora e praticamente um terço (33%) notaram que houve piora.
43% tiveram que fazer cortes e ajustes no orçamento
Na comparação do primeiro semestre de 2017 com 2016, 40% acreditam que a economia foi pior este ano e para 36% ela foi igual.
Quanto à situação financeira da empresa, 43% avaliam que os primeiros seis meses deste ano foram iguais a 2016 e para 33% foi pior. Na percepção dos empresários que relataram a piora da performance da sua empresa, 62% disseram que a razão foram os maus resultados de vendas. O aumento dos custos também pesou nessa percepção, sendo mencionado por 29%. Além desses, 17% lembraram o aumento da concorrência, 12% citaram aumento da inadimplência dos clientes e 8% falaram do aumento das próprias dívidas.
Cerca de 43% dos entrevistados tiveram que fazer cortes e ajustes no orçamento no primeiro semestre de 2017 e os principais foram: funcionários (44%), conta de telefone fixo ou celular (30%) e conta de luz e água (24%). Entre os que tiveram de cortar funcionários, a média foi de dois colaboradores demitidos por empresa. Para atender a demanda dos clientes mesmo com o corte dos funcionários, 30% tiveram de redistribuir as atividades entre outros membros da equipe.
Três em cada dez empresários não conseguiram realizar seus projetos no primeiro semestre
O levantamento do SPC Brasil e da CNDL mostra que 37% dos varejistas de comércio e serviços realizaram os projetos planejados para o primeiro semestre de 2017, mas 29% não conseguiram realizar.
A pesquisa revela que os principais empecilhos para a não realização dos planos da empresa no primeiro semestre foram não ter recursos próprios (29%), a falta de dinheiro até para pagar as contas mensais (22%) e a insegurança de gastar dinheiro e não conseguir pagar posteriormente (20%).
Entre os principais projetos não realizados estão o aumento das vendas (30%), fazer uma grande reforma (22%) e comprar equipamentos (16%). Já entre os realizados estão o aumento das vendas (33%), compra de equipamentos (22%) e fazer uma grande reforma (19%).
Para Honório Pinheiro, os resultados da pesquisa mostram que ao longo do primeiro semestre a maioria dos empresários não percebeu sinais de melhora na economia. “Quando o assunto é o futuro da economia, a divisão dos empresários é clara. Praticamente a metade dos que se posicionaram acredita que a economia crescerá ainda este ano; a outra metade descarta a possibilidade. O momento do país ainda é delicado e contrapõe, de um lado, a estabilização de alguns setores e, de outro, um impasse que sugere nova crise política”, avalia o presidente. “O fato de boa parte dos varejistas enxergar a possibilidade de crescimento econômico ainda neste ano, porém, não deixa de ser um bom indicativo, desde que ressalvados os riscos de contaminação do cenário econômico pelo cenário político”, conclui.