Na maioria dos casos, as mulheres não apresentam indícios ou nem sequer desconfiam da gravidez. Mas por volta da sexta ou oitava semana de gestação, os sintomas começam a surgir: dor abdominal aguda e irregularidade menstrual, com ou sem sangramento. Esses podem ser sinais de uma gestação fora do útero, uma gravidez ectópica.
Em uma gravidez regular, o óvulo migra para uma das tubas uterinas, onde ele encontra o espermatozoide e ocorre a fecundação. Este embrião formado migra pela trompa até se implantar no endométrio, a camada interna do útero, onde a gestação se desenvolve.
Nos casos de gravidez ectópica, o óvulo fecundado pode se implantar antes de chegar ao útero, em locais inadequados, devido a alguma anormalidade. Em 95 a 97% dos casos, o embrião se estabelece indevidamente nas trompas. Mas em 3% deles pode ser no ovário, no colo do útero ou até em uma cicatriz de cesárea.
???Por estar implantado fora do útero, o embrião não consegue se desenvolver. Além disso, ele pode lesionar diversas estruturas que estiverem ao seu redor e causar sangramentos de grandes proporções, se não for diagnosticado precocemente???, explica Luciene Kanashiro Tsukuda, médica especialista em reprodução humana da Huntington Medicina Reprodutiva.
Causas e diagnóstico
A gravidez ectópica pode acontecer por conta de infecções, inflamações ou anormalidades nas trompas, o que faz com que o embrião tenha dificuldade de completar o trajeto em direção ao útero. Atualmente, o diagnóstico precoce acontece com maior frequência por meio da ultrassonografia transvaginal associada a sinais, sintomas clínicos e exames laboratoriais, como as dosagens do hormônio BHCG, que nesse caso pode ter uma elevação mais lenta que o normal.
Todas as mulheres correm o risco de ter uma gestação ectópica, mas alguns fatores podem aumentar essa chance. Alguns deles são: já ter tido algum episódio como esse no passado, ter feito cirurgia ou apresentar uma deformidade na estrutura das tubas uterinas, ter doenças inflamatórias pélvicas, endometriose ou também usar inadequadamente o DIU, dispositivo intrauterino, como método contraceptivo.
Quando a gravidez ectópica é diagnosticada precocemente, é possível pausar o seu desenvolvimento por meio de medicações. Mas quando ela está em um estágio mais avançado, por ser de alto risco, é feita uma intervenção cirúrgica. O embrião é retirado e a trompa afetada é reparada, em casos de gravidez tubárea. Se não for possível recompor a estrutura, é preciso remover a trompa.
A boa notícia é que, mesmo com a retirada de uma das tubas, é possível engravidar posteriormente, seja de forma natural ou por meio dos tratamentos de reprodução assistida.