João Doria, prefeito de São Paulo, afirmou que pretende colocar em breve a farinata, farinha feita com alimentos perto da data do vencimento, na merenda escolar. A notícia virou polêmica nos últimos dias dividindo opiniões e nossa redação foi procurar ajuda profissional para melhores esclarecimentos.

“Me parece muito mais um tiro que saiu pela culatra do que uma tentativa de ‘se dar bem’ por conta da prefeitura de São Paulo”, afirma o nutricionista Rubens Gomes, que reside nos Estados Unidos.
Segundo a Plataforma Sinergia, empresa que teve a farinata dispensada de registro, o alimento é produzido a partir de gêneros conhecidos como o arroz, feijão, batata e tomate próximos do vencimento. Já de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), alimentos dispensados de registros necessitam, porém, do comunicado de início da fabricação junto à autoridade sanitária local e de um alvará sanitário do mesmo órgão.
“A escola deve ter compromisso com carências nutricionais, pois lá é um local onde o governo pode criar iniciativas embasadas em necessidades reais e morbidades populacionais. O governo não apresentou um planejamento dedicado a nenhum problema específico constatado por estudos nesta faixa etária. A farinata não apresentou informação nutricional, registros nos órgãos competentes e tão pouco sustentação científica sobre sua formulação. A fonte dos alimentos utilizados são questionáveis e não garantem procedência. O combate à fome deve vislumbrar iniciativas de sustentabilidade e que tragam fortalecimento de agricultura e comércio local, fazendo com que além dos cuidados com a nutrição da população, os empreendedores locais também tenham seu fortalecimento e crescimento garantido”, ressalta Rubens Gomes.
O nutricionista também lembra que num passado não muito distante uma tal “ração humana” foi comercializada com alto garbo no meio fitness, porém com pouco tempo a comercialização foi interrompida por falta de evidencias científicas e resultados. “A iniciativa da prefeitura em tentar interromper a fome é válida com a alimentação de urgência, porém deve se fazer clara nos métodos e ser transparente com cada composto e alimento utilizado”, complementa Rubens Gomes, que apesar de viver uma realidade diferente por residir na Flórida, monitora clientes em 17 países, inclusive no Brasil.