As alternativas para retirada dos aguapés da represa do Salto Grande, em Americana, foram discutidas hoje (18/09) em reunião realizada na sede do Barco Escola, a pedido do deputado estadual Chico Sardelli (PV), com a presença do promotor do Gaema (Grupo de Atuação de Defesa do Meio Ambiente), Ivan Carneiro Castanheiro. Também estiveram presentes o secretário de Meio Ambiente, Odair Dias, representantes da CPFL Renováveis, da Cetesb local, do Condema, do DAE, do Barco Escola, vereadores e moradores da Praia Azul e Praia dos Namorados.
Segundo o superintendente  de Sustentabilidade da companhia, Fernando di Franco, amanhã será protocolado o plano emergencial na Cetesb de Americana, com medidas antecipativas para controle das macrófitas. A proposta da CPFL é otimizar o vertimento dos aguapés pela comporta de superfície da barragem ao longo do rio.
“Apresentaremos um estudo técnico valindo que essa operação não compromete e não traz nenhum impacto hídrico ao rio Piracicaba. Vamos utilizar da força hidráulica, a fluidez natural da água, que hoje passa pela comporta de superfície, de forma gradativa, para não prejudicar o abastecimento da cidade. Não haverá abertura de comporta da barragem para esse fim específico. Esse é um trabalho que pode ser tão eficiente quanto a remoção mecânica, que fizemos até o ano passado. Teremos um barco com operadores para arrastar os aguapés”, explicou.
Se a proposta for aprovada pela Cetesb, ele disse que a ação pode ser iniciada em outubro, quando as condições de vazão favorecem a fluidez desse material pelo rio. Hoje o reservatório está de 30% a 40% tomado pelas macrófitas. O superintendente ressaltou que continuam sendo realizados os estudos mais amplos para definição das melhores práticas para o controle e manejo das plantas aquáticas da represa. O resultado desses estudos deve ser apresentado em janeiro de 2019.
O promotor destacou que o Ministério Público não tem poder de deliberar sobre a aplicação da técnica, mas está acompanhando todo o processo e pode fazer uma recomendação administrativa ou embargar a ação se entender necessário, caso possa gerar danos ambientais. “Tenho grande preocupação com essa liberação a jusante, pelo risco de comprometimento da qualidade da água, de abastecimento e vida aquática”.
Ele solicitou ainda à Cetesb uma avaliação sobre a possibilidade de ser feita também a remoção mecânica dos aguapés, pra diminuir a massa que será liberada. “Se o risco dessa ação for maior que os benefícios, evidentemente que vou tentar impugnar”. Castanheiro apontou ainda a necessidade de retomar a discussão com a Região Metropolitana de Campinas, já que a falta de saneamento das cidades a montante é o principal problema na represa. “Ações judiciais já foram propostas pela Promotoria do Meio Ambiente a todos os municípios a montante, porque o impacto é em Americana”. Ele citou que 11 cidades têm deficiência no tratamento do esgoto.
O deputado Chico Sardelli lamentou que a situação vem se agravando a cada dia e, por isso, foi procurado pela comunidade para discussão de uma alternativa. “Que o Ministério Público possa ajudar a resolver a questão do esgoto liberado pelas cidades a montante na represa e a Cetesb esteja solícita a nos atender emergencialmente até que não tenhamos a solução definitiva desse problema. Estamos tratando do efeito e não a causa da poluição, mas efetivamente não podemos pagar o preço da não cooperação dos outros municípios. Entendo que é uma situação paleativa, mas me preocupo com a segurança da população da Praia dos Namorados e Praia Azul, já que esse estado de abandono afasta as pessoas da represa, e também gera problemas de saúde pública”, completou.