da BBC.Brasil- Foram dias conturbados no Palácio do Planalto. Na segunda metade de julho deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) engatou uma série de declarações polêmicas. Atacou governadores do Nordeste (“paraíbas”), dados sobre a fome e a jornalista Miriam Leitão, entre outros. Mas o que afinal o presidente ganhou com isso?
Nas redes sociais, ao menos, as declarações polêmicas aumentaram o alcance de Bolsonaro e sua repercussão – mais curtidas, mais retuítes e mais seguidores no Facebook, segundo levantamento preparado pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pedido da BBC News Brasil.
Mas isso não significa que a reação tenha sido sempre positiva. Dados do mesmo levantamento do DAPP-FGV, assim como uma análise da startup Arquimedes, mostram que algumas das “polêmicas” tiveram resultado negativo para o governo no Twitter.
“Quando Bolsonaro posta coisas polêmicas, ligadas à pauta de costumes ou que têm um conteúdo de confrontação, ele colhe de volta uma resposta expressiva de seus apoiadores”, diz o doutor em sociologia e diretor do DAPP-FGV, Marco Ruediger.
“Ele reforça a própria base de apoiadores com esse tipo de fala. Não o interessa deixar crescer algum oponente no campo da direita, então é um movimento para fidelizar o público dele.”
O período entre os dias 19 e 29 de julho é um bom exemplo do efeito que as falas polêmicas do presidente têm sobre as suas redes sociais.
A sequência começa com a fala captada acidentalmente sobre “governadores de Paraíba” (19 de julho); inclui a assertiva de que “falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira”(19); e segue com o questionamento dos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe, também em 19 de julho).
Inclui ainda os ataques aos jornalistas Miriam Leitão, da TV Globo (20 de julho), e Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil (27 de julho); e termina com a fala sobre as circunstâncias da morte do pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz (29 de julho).
Neste período de dez dias, Bolsonaro ganhou 26.029 novos seguidores em sua página oficial no Facebook. Parece pouco se comparado aos atuais 9,8 milhões de pessoas que acompanham o presidente por lá, mas não é: o número representa um incremento de 29,3% em relação aos seguidores amealhados nos dez dias anteriores (20.119).