De acordo com dados nacionais da Boa Vista, a inadimplência do consumidor recuou 1% em novembro na comparação com outubro, já descontados os efeitos sazonais. Em relação a novembro do ano passado, o indicador subiu 0,6%. Com isto, ele acumula queda de 2,7% no ano e no acumulado 12 meses (dezembro de 2018 até novembro de 2019 frente aos 12 meses anteriores). 
Regionalmente, na análise acumulada em 12 meses, todas as regiões registram queda: Centro-Oeste (-4,2%), Norte (-1,3%), Nordeste (-3%), Sul (-5,6%) e Sudeste (-1,7%). Na comparação mensal, portanto, apenas a região Norte apresentou alta ao variar 0,5%.
A queda da inadimplência observada a partir do final de 2016 pode ser explicada pela maior cautela das famílias, pela capacidade de endividamento dos consumidores ainda limitada pelo fraco crescimento da renda e pelo efeito defasado da maior seletividade dos bancos no período mais agudo da crise.
Com isto, a inadimplência dos consumidores atingiu um patamar historicamente baixo, o que proporcionou a redução dos juros e motivou o aumento das concessões a partir de 2017, o que, por sua vez, vêm resultando em um crescimento significativo do endividamento e do comprometimento de renda ao longo de 2019.
Os economistas da Boa Vista têm alertado que o elevado nível de desocupação e subutilização da mão-de-obra, somado à lenta recuperação da renda, aumenta o risco de que esta expansão recente dos empréstimos resulte em maior inadimplência nos próximos meses. 
Por ora, apesar do recuo da inadimplência na margem, o indicador de registros da Boa Vista apresentou desaceleração da queda na análise em 12 meses, indicando que o estoque de inadimplentes se manterá em um ritmo estável neste final de ano.  
Outros dados de mercado mostram que a inadimplência tende a crescer mais entre os consumidores de menor renda, exatamente os mais afetados pela lenta recuperação do mercado de trabalho.
Assim, a equipe econômica da Boa Vista volta a ressaltar que uma retomada mais vigorosa e generalizada do crédito aos consumidores, sem aumento dos riscos, segue condicionada, a curto prazo, à evolução do mercado de trabalho e do endividamento das famílias.