Se você quiser ver um filme de guerra que junte todos os que você já conhece, assista a “1917”. Dirigido por Sam Mendes, reúne os conflitos essenciais do gênero, como uma missão quase impossível, amizade entre soldados, momentos de humanidade, suspense, risco, ação, cenas trágicas e, de certa forma, um final feliz.

A missão de dois militares, próximo ao final da Primeira Guerra, é a de levar a um comandante a ordem de que um ataque a ser realizado contra os alemães deve ser cancelado, pois as tropas britânicas foram atraídas para uma armadilha em campos franceses. O prazo é exíguo e as dificuldades são muitas, incluindo franco-atiradores, corredeiras e minas.
O que impressiona no filme é a manutenção do ritmo de expectativa sobre o cumprimento ou não da missão. As dificuldades vão se sucedendo uma após outra sem que se tenha tempo de recuperar o fôlego ao acompanhar a saga dos protagonistas. O uso do plano sequência, com praticamente nenhum corte, amplia essa intensa dinâmica.
A direção primorosa, os atores afiados e a capacidade do roteiro de contar uma boa história, que poderia ser a mesma conhecida de sempre, mas de maneira nova, traz um sabor original e um frescor a um gênero que parecia não poder oferecer novidades. Se os filmes de faroeste foram recentemente redescobertos e reinventados, o mesmo caminho pode estar acontecendo com os de guerra a partir desse “1917”, um filme que resume os anteriores com ascréscimos.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.