O PMDB está fora do governo de São Paulo desde 1994. Preso a Orestes Quércia, o partido não conseguiu inovar durante os vinte anos de hegemonia tucana e sequer conquistou o espaço de segunda força política no estado.

Orestes Quércia dividia o trono do PMDB paulista com Michel Temer. Em 2010, o ex-governador de SP estava com os tucanos e Temer com o PT. No mesmo ano Quércia faleceu e o partido passou a ser controlado no estado por Michel Temer, que levou a legenda para os braços do governismo. Baleia Rossi assumiu a presidência estadual e está com Temer. A legenda respira unidade.

Depois das eleições 2010 o PMDB tirou do PSB dois quadros de extrema importância: Gabriel Chalita e Paulo Skaf. Gabriel Chalita, ex-secretário de Educação em São Paulo, segundo deputado federal mais votado no estado e quarto colocado na disputa pela prefeitura paulistana. Paulo Skaf, presidente da FIESP, concorreu ao governo do Estado em 2010 e lidera a campanha pela redução da taxa de energia elétrica. Em um primeiro momento, Paulo Skaf gravou mensagens que foram veiculadas na televisão e pediu apoio dos parlamentares para que eles aprovassem a MP 579 ??? que prevê a redução das tarifas da conta de luz ??? e, em um segundo momento, depois de o Congresso ter aprovado a MP, outra inserção de vídeos agora com o presidente da FIESP agradecendo os congressistas.

Não há dúvida que o peemedebista se consagrou como líder dessa batalha que derrubará os preços da conta de luz e aliviará o bolso de milhares de brasileiros. O entusiasmo do presidente da FIESP confundir-se-á com o dos beneficiados, e Paulo Skaf tende a faturar politicamente com isso.

Paulo Skaf será o próximo candidato do PMDB ao governo do Estado de São Paulo. Gabriel Chalita angariou musculatura política nas eleições 2012 e tem condições para atravessar o caminho do companheiro, no entanto, o partido que pretende reconquistar o governo paulista e a presidência da República não pode cometer o mesmo erro dos tucanos, que perderam as duas últimas eleições à presidência da República porque desprezaram a unidade. O PMDB de São Paulo não é mais uma sigla personalista. Conta com duas lideranças fortes. Aliou-se ao governo federal. E desponta como principal adversário do governador Geraldo Alckmin em 2014. O PT ao que tudo indica lançará novamente um nome novo ??? a não ser que insista em nomes já testados como os de Aloysio Mercadante e Marta Suplicy. Há quem diga que Lula será candidato ao governo de SP – pouco provável, esperar pra ver. A missão petista de largar atrás ??? como largou com Haddad – e chegar ao segundo turno será mais difícil nas próximas eleições porque o governador Geraldo Alckmin não sofre de um mal que acometeu José Serra nas eleições municipais: rejeição. Paulo Skaf enfrentará um petista ???novato??? e um PSDB que está há muito tempo no poder – e tempo demais no poder dá fadiga. Não se espantem se, em 2014, o PT abrir mão de candidatura própria e apoiar o peemedebista. A fotografia política do momento é esta. Até lá, o quadro político poderá sofrer alterações. E também outras forças políticas devem ser consideradas: PSD e Celso Russomanno são duas delas.  Em suma: desde 1994 o PMDB não reunia tantas condições para reconquistar o Palácio dos Bandeirantes como agora. O partido tem lideranças (no plural), unidade e boas relações com o governo federal. Virá com tudo. 
André Henrique, cientista político e jornalista