Quinze de outubro é o Dia do Professor. Para saudá-los, dedico-lhes trecho de meu livro É urgente reeducar”:
Tudo tem o seu tempo. Jesus, o Cristo Ecumênico e Divino Estadista — inspirador modelo de dedicação ao próximo com o qual inúmeros heróis do ensino se identificam —, permanece!
Ele afiançou: “Passará o Céu, passará a Terra, mas as minhas palavras não passarão” (Evangelho, segundo Lucas, 21:33).
Alguém pode exclamar: “Mas e minha mãe, e meu pai, e os companheiros que partiram?!…”
E quem disse que eles se foram?! Apenas ocorre o que descreveu o talentoso escritor e poeta português Fernando Pessoa (1888-1935): “A morte é a curva da estrada. Morrer é só não ser visto”.
Ora, na verdade, os mortos não morrem!
É preciso esclarecer, então, que nessa minha assertiva procuro exaltar o sentido do que realmente é perene neste mundo: o Amor Fraterno, exemplificado pelo Divino Mestre em sacrifício por todos nós. O verdadeiro Amor nunca se extingue, ipso facto, persiste, mesmo durante as piores tormentas.
Da Antologia da Boa Vontade (1955), fui buscar esta página memorável:
Pequeno apólogo chinês
“Li-Chi-Kin, o sábio dos sábios, mandou vir todos os livros das regiões de Hou-Hou e dos países de Yuê. Meditara longamente as máximas de Tao-Te-Ching e desejava escrever o Tratado de Toda a Sabedoria. Li-Chi-Kin, o sapientíssimo, mandou encadernar um grande infólio de mil e uma páginas, em branco, para escrever a súmula de toda a Sabedoria. E leu todos os livros.
“Ao fim do seu labor paciente, que durara muitos anos e fatigara os seus olhos serenos, numa tarde de inverno, vendo correr as escuras águas do Shâ, o sábio resolveu escrever: tomou do seu pincel, embebeu-o em nanquim, acendeu a lâmpada e ficou em silêncio.
“Todos supunham que Li-Chi-Kin levaria outros muitos anos desenhando as mil páginas do Tratado de Toda a Sabedoria. Entretanto, nessa mesma tarde de inverno, deu por terminada sua obra.
“Convocou todos os sábios de Hou-Hou e de Yuê, abriu o grande livro e lhes mostrou o fruto do seu labor. O livro das mil páginas só tinha uma escrita e, nela, uma única palavra: AMOR.
“Li-Chi-Kin, o sábio dos sábios, cofiando a barbicha real, que lhe escorria do queixo pontudo, pôs os olhos além do horizonte enevoado do Shâ e, com a sua voz mansa, disse:
“— Sim, esta palavra é tudo. Resume toda a sabedoria: o Amor é a causa de tudo o que existe. Por ele chegaremos a todas as perfeições. Pelo Amor é que conseguimos ver um pouco de luz nas trevas que nos envolvem, conhecendo assim um pouco do desconhecido. O Amor rege os astros e as plantas, os seres e as coisas, o sol, o mar, o mais humilde dos vermes e o destino humano. E só pelo Amor se revela aos homens um pouco do mistério da existência: e isso é tudo o que devemos saber, porque tudo mais é inútil e vão”.
“Deus é Amor”, definiu João, Evangelista e Profeta, em sua Primeira Epístola, 4:16: “E nós conhecemos e cremos no Amor que Deus tem por nós. Deus é Amor, e aquele que permanece no Amor permanece em Deus, e Deus, nele”.
E essa é a grande lição que o Discípulo Amado aprendeu com o Divino Mestre Jesus. E, “na verdade, nada existe fora desse Amor”, concluía o saudoso fundador da LBV, Alziro Zarur (1914-1979).
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
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