Muita gente ainda ainda acredita que o CrossFit pode causar mais lesões que outros esportes e, por isso, tem medo de praticar. Mas esse é um tabu. Apesar de ser uma modalidade que privilegia exercícios em alta intensidade e que usa muito a força do corpo, não podemos fazer essa associação baseada apenas nisso. São muitas as variáveis responsáveis pelas lesões nas práticas esportivas. E o CrossFit, quando treinado de forma correta e com acompanhamento de um profissional capacitado, acumula muitos benefícios para o corpo, como queima calórica, resistência cardiorespiratória e músculos bem definidos.
Claro que não tem como anular a possibilidade de lesão, mas quando executado de forma correta, o Crossfit pode apresentar menos chances que outras modalidades, como o Futebol por exemplo. Uma pesquisa feita em 2018 pelo Ortopedista e Médico do Esporte, Paulo Roberto Szeles durante seu Mestrado em Lesão no CrossFit, pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), avaliou 452 praticantes da modalidade e mostra que a variação da carga de treino e a ocorrência prévia de lesões foram fatores relacionados às lesões.
“Não podemos responsabilizar as lesões de uma modalidade esportiva somente pelas características dela. São muitas as variáveis que contam quando falamos tanto dos traumas quanto das lesões por sobrecarga no esporte. Entre elas, gosto de destacar o esforço repetitivo, cargas inadequadas e falta de acompanhamento de profissionais capacitados para a orientação correta dos treinos”, explica Dr. Paulo Roberto Szeles.
A pesquisa também aponta que a prática de CrossFit por mais de um ano minimiza a possibilidade de novas lesões já que promove uma melhor adaptação muscular e condicionamento físico. Quando somado ao fato de treinar de forma correta, com indicações de um profissional especializado e sem excesso de carga, o risco cai mais ainda.
“Apesar dessa fama toda de causar mais lesões, o CrossFit é um esporte cheio de benefícios e que pode potencializar a prática de outras modalidades, como a corrida, lutas e até mesmo nas atividades simples do dia a dia. Além disso, por trabalhar diretamente com a superação pessoal, tem um impacto muito positivo na saúde mental, importantíssima nesse momento que estamos atravessando”, completa.
Outro alerta que vale deixar é para o retorno aos treinos pós pandemia. Com a quarentena, perdemos muito da nossa rotina e grande parte da população deixou de treinar com a mesma intensidade de antes. Se esse retorno não for feito de forma gradual e responsável, independente do esporte, pode trazer várias complicações.
Médico com Título de Especialista em Medicina Esportiva e em Ortopedia e Traumatologia. Pós Graduado em Traumatologia do Esporte e Fisiologia do exercício pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), onde também fez Mestrado em Medicina Esportiva com foco em lesões de CrossFit.
Atualmente é Médico da Seleção Brasileira de Basquete Feminino e de alguns atletas olímpicos de Ginástica, como Caio Souza, e coordena a Residência Médica em Medicina Esportiva da UNIFESP.
Já atuou como médico em grandes eventos Esportivos, como Copa do Mundo do Brasil (2014), Jogos Olímpicos Rio 2016, Copa América de Futebol (2019) e Basquete (2009 e 2017), Campeonato Mundial de Basquete (2009 e 2010).