Em maio de 2006, a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) orquestrou uma série de atentados, em resposta à transferência de 756 presos para a penitenciária de segurança máxima no interior paulista. Além de rebeliões em 74 unidades prisionais do estado, os criminosos promoveram, em três ondas de ataques, mais de mil atentados. Agentes penitenciários, policiais, viaturas, delegacias de polícia, cadeias e prédios públicos passaram a ser alvo em todo o estado.

Os ataques foram uma clara demonstração de afronta à sociedade e ao estado de direito, que foi propiciada pela leniência e incompetência do governo paulista em enfrentar as organizações criminosas.

O combate ao crime organizado se faz com investimento e valorização da Polícia Civil, e a investigação criminal é o único instrumento capaz de identificar e prender os líderes das organizações criminosas, promovendo seu estrangulamento financeiro.

Entretanto, o que assistimos há mais três décadas, é o crescente descaso do governo do estado de São Paulo com a Polícia Civil, que recebe os piores salários do país, convive com elevado índice de defasagem em seu efetivo, e recebe pouco ou nenhum respaldo do governo para atuar em sua plenitude.

Passados 15 anos dos ataques, apesar do aparente controle, é fato que o PCC continua comandando as cadeias, de onde seus líderes seguem coordenando ações criminosas, e sua atuação cada vez mais encontra ligações com instituições públicas e grupos econômicos. Ao mesmo tempo, a Polícia Civil paulista segue encolhendo, tendo hoje um déficit de praticamente 1/3 de seu efetivo e evasão diária de seus policiais.

Falta vontade, competência e coragem do governo paulista para enfrentar e extirpar o crime organizado de uma vez por todas de nosso estado.

 

Gustavo Mesquita Galvão Bueno, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP)