O diretor Jorge Furtado é homenageado com dois filmes programados pelo projeto Ponto MIS no Museu de Arte Contemporânea de Americana, MAC, nesta quarta-feira (10/4). O curta Ilha das Flores é uma referência quando o assunto é lixão e Houve uma vez dois verões, um filme inteligente e lírico com temática adolescente. Recebeu prêmios no Brasil e na Europa. Com entrada franca, as sessões acontecem às 14h e às 19h30 no auditório do museu.
 Em Houve uma vez dois verões, Chico, adolescente em férias na “maior e pior praia do mundo”, encontra Roza num fliperama e se apaixona. Transam na primeira noite, mas ela some. Ao lado de seu amigo Juca, Chico procura Roza pela praia, em vão. Só mais tarde, já de volta a Porto Alegre e às aulas de química orgânica, é que ele vai reencontrá-la. Chico quer conversar sobre “aquela noite”, mas Roza conta que está grávida. Até o próximo verão, ela ainda vai entrar e sair muitas vezes da vida dele. No elenco André Arteche (Chico), Ana Maria Mainieri (Roza), Pedro Furtado (Juca), Júlia Barth (Carmem) e Victória Mazzini (Violeta). O filme recebeu os seguintes prêmios: 12° Cine Ceará, Fortaleza, 2002: Melhor Filme (Prêmio da Crítica), Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Montagem; 5º Festival do Cinema Brasileiro de Paris (França), 2003: Melhor Filme (Júri Oficial) e 4° Grande Prêmio Cinema Brasil, 2003:Melhor Roteiro Original.
 Ilha das Flores (12 min) tem roteiro de Jorge Furtado (1989) e produção da Casa de Cinema de Porto Alegre. A ideia do filme é mostrar o absurdo do lixão em Porto Alegre: seres humanos que, numa escala de prioridade, se encontram depois dos porcos. Mulheres e crianças que, num tempo determinado de cinco minutos, garantem na sobra do alimento dos porcos sua alimentação diária. O filme é estruturado como um documentário científico. A câmera de Jorge Furtado segue um tomate, desde a sua plantação até o consumo por uma criança da Ilha das Flores, passando pelo supermercado e pela casa de uma consumidora. Todas as informações do texto são ilustradas da maneira mais didática possível. A narração é feita no padrão dos documentários, sem qualquer tom caricato e sem emoções. A Ilha das Flores está localizada à margem esquerda do Rio Guaíba, a poucos quilômetros de Porto Alegre. Para lá é levada grande parte do lixo produzido na capital. Este lixo é depositado num terreno de propriedade de criadores de porcos. Logo que o lixo é descarregado dos caminhões os empregados separam parte dele para o consumo dos porcos. Durante este processo começam a se formar filas de crianças e mulheres do lado de fora da cerca, à espera da sobra do lixo, que utilizam para alimentação. Como as filas são muito grandes, os empregados organizam grupos de dez pessoas que, num tempo estipulado de cinco minutos, podem pegar o que conseguirem do lixo. Acabado o tempo, este grupo é retirado do local, dando lugar ao próximo grupo. MAC ??? 3408-8010.