Este mês é mundialmente conhecido como Setembro Amarelo cujo significado é a prevenção ao suicídio, consequência última da depressão e do transtorno bipolar, duas das principais causas, segundo especialistas. No entanto, dados divulgados no último dia 10 (escolhido o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ascendem o sinal vermelho em relação ao tema. Nossos jovens, como mostra a pesquisa, estão cada vez mais com saúde mental agravada. Os números são estarrecedores.

A pesquisa revela 15.702 notificações de atendimento relacionados a tentativa de suicídio nos serviços de saúde do país no período de 2011 a 2014. A maioria dos casos, detalha a pesquisa, envolveu o grupo etário de 15 a 19 anos (76,4%), o sexo feminino (71,6%) e pessoas brancas (58,3%). Quase 90% das ocorrências ocorreram na própria residência e, o meio mais utilizado, foi o uso de medicamentos e outras substâncias com objetivo de envenenamento ou intoxicação.

Em outro período, de 2007 e 2016, foram 12.060 registros de tentativas de suicídio no país. Os dados mostram a predominância dos casos envolvendo pessoas do sexo feminino (58,1%). A Região Sudeste foi a que reuniu o maior número de internações por 100 mil habitantes. Os principais motivos, de acordo com o levantamento são: rompimentos com namorados, bullying, pressão escolar e interação em redes sociais virtuais. Vale ressaltar ainda que no Brasil aproximadamente 13 mil pessoas por ano tiram a própria vida.

São verdadeiros números de um front de guerra, no qual muitas vezes às vítimas lutam em total solidão, sem apoio psiquiátrico e, em muitos casos, com desdém de familiares que não enxergam a gravidade do problema. Sem falar que são números pregressos à pandemia da Covid-19 que nos submeteu a uma longa quarentena. Ou seja, nossa realidade atual está, sem sombras de dúvida, ainda pior.

Precisamos melhorar (e muito) as políticas públicas já existentes no SUS (Sistema Único de Saúde) relacionadas à saúde mental, mas acima de tudo precisamos falar mais sobre o assunto. É preciso uma corrente envolvendo a família, amigos, escola e o governo. Setembro vai passar e o sinal vermelho nos dá o alerta da gravidade do problema.

*Maria Giovana Fortunato é sanitarista e presidente do PDT de Americana