A impulsividade dos adolescentes pode estar ligada a características do seu cérebro que mudam com a idade? Para responder a essa pergunta, a Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, está começando a realizar um amplo estudo no qual serão monitorados os cérebros de 300 indivíduos com idades entre 14 e 24 anos.
A pesquisa deve custar 5 milhões de libras (R$ 15 milhões) e tem como objetivo de entender como o cérebro dos adolescentes muda conforme eles envelhecem e se a tendência a agir de forma menos impulsiva com a idade pode estar relacionada a essas mudanças. Além disso, os coordenadores do estudo também esperam que ele lance luz sobre as causas do surgimento de transtornos mentais em jovens adultos.
Para Ed Bullmore, professor de psiquiatria da Universidade de Cambridge, é provável que, com o tempo, mudanças no cérebro dos adolescentes lhes ajudem a começar a controlar suas emoções e reações mais facilmente. “Exames de ressonância magnética nos permitirão obter boas imagens de como a anatomia do cérebro muda ao longo do desenvolvimento do indivíduo”, disse Bullmore à BBC. “Estamos particularmente interessados em entender quais são as alterações no tecido da parte central do cérebro, conhecido como massa branca.”
ESTRUTURA DO C??REBRO – Para o psiquiatra, os exames devem mostrar que essa massa branca sofre alterações em resposta a mudanças hormonais – e são tais alterações que favorecem o autocontrole dos indivíduos. Numa tentativa de testar essa hipótese, os 300 jovens e adolescentes serão submetidos a situações em que será avaliada sua propensão a adotar comportamentos impulsivos e tomar riscos em diferentes etapas de sua vida. Simultaneamente, eles também passarão por exames que analisam a estrutura de seu cérebro.
DOEN??AS MENTAIS – Com o estudo, os pesquisadores também esperam entender como alguns transtornos mentais se desenvolvem. No final da adolescência e início da idade adulta existe um elevado risco de desenvolvimento de doenças psicóticas, tais como esquizofrenia e distúrbios bipolares. Na realidade, muitos dos transtornos psiquiátricos consideradas problemas da vida adulta começam a aparecer no final da adolescência e examinando as ressonâncias magnéticas dos voluntários, a equipe de Bullmore espera descobrir se na raiz dessas condições estão anormalidades no desenvolvimento do cérebro.
Segundo o médico, a ideia é entender, por exemplo, “como uma esquizofrenia que surge em um paciente de 19 ou 20 anos poderia estar relacionada a problemas no desenvolvimento do cérebro desse indivíduo”. Para ele, tal tipo de compreensão ajudaria no desenvolvimento de tratamentos melhores para diversos transtornos.
BBC Brasil