Segundo o Sistema de Informação do Departamento Penitenciário Nacional (Sisdepen), o Brasil registra mais de 662 mil detentos espalhados pelas unidades prisionais de todo o país, além de 175 mil pessoas em prisão domiciliar.
Certamente, a pandemia foi um dos motivos que levou ao crescimento da população carcerária, impulsionado, segundo CNJ, pelo aumento da fome e do desemprego. O que para muitos seria apenas um cenário de caos, para Paulo Vieira foi a oportunidade ideal de transformar e impactar vidas. O principal nome brasileiro quando o assunto é Inteligência Emocional, levou o seu treinamento, o Método CIS, em formato on-line, para dentro dos presídios.
Essa atitude já ajudou mais de 12 mil detentos nos últimos 14 meses. Com o sucesso da iniciativa, ela também foi estendida para policiais civis, militares e bombeiros, alcançando 16.788 profissionais da segurança pública nos estados do Ceará, Pará, Roraima, Minas Gerais, Paraná, Goiás, entre outros.
O Método CIS é reconhecido como o maior treinamento de Inteligência Emocional do mundo, e a metodologia do Coaching Integral Sistêmico já impactou mais de 70 milhões de pessoas em todos os continentes, sendo resultado da tese de doutorado de Paulo Vieira que, durante seus estudos nos Estados Unidos, desenvolveu e aplicou ferramentas que integram a razão e a emoção no coaching tradicional a fim de entender como é possível obter alta performance em todas as áreas da vida.
Durante os quatro dias de treinamento, os detentos têm a oportunidade de assistir, ao vivo, a conteúdos com foco no autoconhecimento, na gestão das emoções, no impacto da comunicação e dos pensamentos no estado de vida atual, sempre aliando teoria e prática de maneira dinâmica.
Paulo Vieira explica que o propósito de levar estes assuntos para dentro dos presídios é ajudar os detentos a tornarem-se capazes de se reerguer e se reinserir na sociedade após o cárcere, utilizando as ferramentas de inteligência emocional e a reconfiguração de valores e de mentalidade para evitar a reincidência. Já para os profissionais da segurança pública, o intuito é ajudá-los a lidar melhor com as suas emoções frente aos desafios que enfrentam no dia a dia de trabalho, além de proporcionar a quebra de crenças limitantes e o reconhecimento de suas potencialidades em todas as áreas da vida.
“A inteligência emocional é a competência mais importante atualmente. É a habilidade de se conectar com as suas próprias emoções e tirar o melhor proveito das emoções certas, no momento certo e na intensidade certa. Levar essa inteligência para dentro dos presídios e para os profissionais da segurança pública é abrir uma janela no presente para a construção de um futuro melhor para homens, mulheres, famílias e toda uma sociedade”, diz o Master Coach sobre a iniciativa que já vem sendo realizada há várias edições do treinamento.
“A minha missão é crescer e contribuir. É fazer diferença no mundo colocando em prática o “ame ao próximo como a si mesmo”. Mais de 30 mil pessoas, dentre elas detentos, adictos, profissionais do sistema prisional, policiais e bombeiros já fizeram o treinamento, mas o impacto é muito maior: eles levam os aprendizados para a vida, para seus filhos, famílias e impactam a sociedade. Já parou para pensar em quantos milhares de crimes deixarão de ser cometidos? Quantos pais voltarão para seus filhos? Quantas famílias poderão ser reerguidas? É a forma que eu encontrei de diminuir a violência no meu país e contribuir no presente para o futuro”, analisa.
Para Claudio Ferreira Faro, detento em uma Instituição Penal, e que participou do Método CIS na prisão, “receber o maior treinamento de Inteligência Emocional do país, significou muito para mim. Me encontro recolhido e perante a sociedade sou uma pessoa fracassada, derrotada. A gente vem para um lugar desses com a autoestima baixa, porém participar desse projeto e com o apoio de todos os funcionários da instituição, recuperamos a nossa autoestima e estamos prontos para uma segunda chance”, comemora.
“As palestras mostraram que derrotado é aquele que não sonha mais, e eu nunca deixei de sonhar. Aprendi que devemos planejar o nosso futuro com ambições poderosas, nunca pensar pequeno, sempre pensar grande. O ser humano é um derrotado, quando ele deixa de acreditar no seu potencial”, explica. “O treinamento mudou a minha forma de pensar. Eu posso e mereço muito mais! Essa foi a mensagem que aprendi com o Método CIS e com Paulo Vieira”, completa Ferreira.
Assim como a habilidade cognitiva, a Inteligência Emocional pode ser desenvolvida. É o que afirma Daniel Goleman, doutor em Psicologia pela Harvard University e um dos principais pesquisadores sobre o assunto, que explica que a consciência das emoções é fator essencial para o desenvolvimento da inteligência do indivíduo.
A incapacidade de lidar com as próprias emoções pode minar a experiência escolar, interromper carreiras e destruir vidas. Goleman explica em seu livro “Inteligência emocional – a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente” que o fracasso e a vitória não são determinados por algum tipo de loteria genética: muitos dos circuitos cerebrais da mente humana são maleáveis e podem ser trabalhados e desenvolvidos.