As chuvas voltaram de forma intensa no último mês do ano de 2022 nas Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Bacias PCJ). As precipitações em dezembro fecharam em 270,59mm quando a média para o período é de 158,74mm. Instituições internacionais de monitoramento do clima apontam que no segundo semestre de 2023 há aumento da probabilidade de ocorrência do El Niño, quando as águas do Oceano Pacífico se aquecem, ocasionando maior volume de chuvas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde estão situadas as Bacias PCJ.
Atualmente, ainda estamos sob influência do La Niña, fenômeno oposto ao El Niño que arrefece as águas do Pacífico e diminui as chuvas na nossa região. Segundo o Instituto de Pesquisas Internacionais da Universidade da Columbia (IRI) e o Centro de Previsões e Clima da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (CPC/NOAA) apontam que o La Niña ainda deve durar todo o verão brasileiro, até o mês de março, quando entrará numa fase de neutralidade, que deve durar durante todo o restante do semestre.
As previsões mais estendidas dessas instituições apontam para aumento da probabilidade de ocorrência de um novo El Niño na segunda metade do ano, mas é necessária acompanhar a evolução climática.
“Ainda é muito cedo para afirmarmos essa mudança de sinal, pois a longo prazo os modelos ainda podem apresentar mudanças nas projeções. Mas vamos continuar acompanhando as próximas atualizações e traremos o acompanhamento de um possível El Niño para o segundo semestre de 2023 nos próximos boletins”, afirmou Nadiara Pereira, meteorologista da Climatempo ao portal de notícias Canal Rural (www.canalrural.com.br).
Os modelos do Consórcio PCJ vem apontando para chuvas no mínimo dentro da média nesse início de 2023, mas as expectativas podem ser superadas diante do que se viu no último mês. Caso os modelos se confirmem e ainda tenhamos um novo El Niño, o momento é de se preparar para o armazenamento da água da chuva que está por vir.
“A fase de neutralidade, ou seja, o período entre um La Niña e um El Niño, acontecerá durante o andamento da estiagem nas Bacias PCJ, momento propício para que municípios, empresas e até a população comum, invista em obras para armazenamento de água de chuva para, caso as previsões se confirmem e tenhamos mesmo um El Niño nesse ano, estarmos prontos para reservar esses volumes de precipitações mais intensas”, atenta o coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad.
No entanto, a distribuição irregular das chuvas devido às mudanças climáticas é uma preocupação constante, já que chove-se muito num curto espaço de tempo, deixando longos períodos sem precipitações, o que compromete a disponibilidade hídrica e intensifica a necessidade de se criar dispositivos para armazenamento dessa água. Exemplo disso, são as precipitações ao final de 2022, que causaram muitos danos às cidades das Bacias PCJ, com alagamentos e necessidade de realocação de moradores de áreas de risco.
As fortes precipitações tem possibilitado a recuperação dos reservatórios municipais de água, como o caso de Louveira (SP), onde a Represa Municipal do Córrego Fetá alcançou nesse início de 2023, 100% de sua reservação.
Nos próximos dias, o Consórcio PCJ irá liberar o Boletim da Disponibilidade Hídrica nas Bacias PCJ, com os dados coletados do último mês, referente a dezembro de 2022.