Jorge P Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira assinam nota e

indicam que estão se esforçando para tratar os ‘desafios’ que se colocam à empresa. A Americanas divulgou este começo de ano um rombo de R$ 20 bilhões e as dívidas chegam a R$ 43 bilhões.

 

Leia a nota abaixo

No dia 11 de janeiro de 2023, por meio de “fato relevante”, a Americanas S.A. tornou pública a existência de significativas inconsistências em sua contabilidade. Desde então, sempre com transparência e imediatismo, vários esforços vêm sendo feitos para o correto tratamento dos desafios que hoje se colocam à empresa.

Usamos dessa mesma clareza para esclarecer de modo categórico e a bem da verdade que:

 

1) Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país.

 

2) A Americanas é uma empresa centenária e nos últimos 20 anos foi administrada por executivos considerados qualificados e de reputação ilibada.

 

3) Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade.

 

4) Portanto, assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto.

 

5) O comitê independente da companhia terá todas as condições de apurar os fatos que redundaram nas inconsistências contábeis, bem como de avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras.

 

6) Manifestamos mais uma vez nosso compromisso de integral transparência e de total colaboração em tudo que estiver ao nosso alcance para esclarecer todos os fatos e suas circunstâncias.

 

7) Lamentamos profundamente as perdas sofridas pelos investidores e credores, lembrando que, como acionistas, fomos alcançados por prejuízos.
 

8) Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores.

Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira

Lemann e sócios emitem nota sobre crise da Americanas

Lemann e sócios emitem nota sobre crise da Americanas

 

Especialista analisa caso de crise contábil

Recentemente, o mercado econômico foi surpreendido por uma bomba que direcionou todos os holofotes para as inconsistências contábeis do balanço financeiro das Lojas Americanas. Uma série de erros e escolhas fizeram com que uma das maiores holdings do varejo brasileiro perdesse bilhões em valor de mercado em um piscar de olhos.

O impacto de tudo isso permanecerá em aberto por um bom tempo, mas não poderíamos deixar de analisar, pelo ponto de vista ético, como o processo de auditoria desse grande escândalo acabou evidenciando uma série de fatores que contradizem os princípios da atividade.

O primeiro deles, e talvez o mais grave, é o quesito transparência. Tratando-se de uma grande marca de capital aberto, a empresa e seus pares agiram de forma errática ao mascarar um problema que, segundo seu ex-CEO, já vinha se acumulando há anos. Essa não é uma atitude que se espera de uma organização que preza pela boa relação com seus acionistas, talvez os maiores prejudicados.

Na mesma linha, destaca-se uma ruptura com outro valor imprescindível: a confiança. Ao ignorar aspectos vitais de controle interno, a companhia arriscou a reputação que construiu ao longo dos anos com seus stakeholders, deixando claro que ter uma cultura de Compliance estabelecida não basta se a centralização da informação intramuros for permitida.

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