Livro mostra como está a saúde mental dos padres brasileiros (86,4%) e o que pensam sobre celibato, sexualidade e política
Pesquisa inédita reúne dados surpreendentes sobre a origem socioeconômica, aflições emocionais, círculo de amizades e rotina de ofício dos clérigos católicos
Ao longo de dois anos, entre 2019 e 2021, o padre, pesquisador e sociólogo José Carlos Pereira entrevistou 1.858 colegas de clero para investigar o perfil, a rotina e as queixas daqueles que servem a Igreja Católica em diferentes lugares do Brasil. Os resultados surpreendentes dessa pesquisa inédita estão agora compilados no livro Operários da Fé, lançamento da Matrix Editora.
A obra apresenta informações essenciais para entender o papel do padre, tido como líder e figura de influência nas comunidades onde atua. Além de revelar as opiniões dos sacerdotes sobre temas polêmicos como celibato e sexualidade, o estudo mostra como o dia a dia exaustivo de atendimentos e a solidão constante desencadeiam e agravam quadros de inquietação emocional.
A partir dos dados coletados, José Carlos Pereira chama atenção para o índice elevado de suicídios entre os padres, assunto que costuma ser tratado com muita discrição ou simplesmente ignorado pela igreja. Ainda segundo o autor, o transtorno bipolar, a depressão, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), os distúrbios alimentares, os transtornos de ansiedade, a esquizofrenia, a somatização e a psicopatia estão entre os problemas psiquiátricos mais comuns enfrentados por quem veste a batina.
A questão da sexualidade também é abordada no livro. Apesar de 94,4% dos entrevistados afirmarem que não tinham dúvidas sobre a própria identidade afetivo-sexual, Pereira avalia que o número pode não refletir a realidade. “Desconfio que mais de 50% do clero seja tendencialmente homossexual, mas trata-se de mera suposição, e não há pesquisa confirmando essa conjectura. Ela está baseada em minha convivência de mais de trinta anos com padres e candidatos ao sacerdócio”, explica. Ele lembra também que entre os que responderam não duvidar de sua identidade afetivo-sexual, pode haver tanto homo quanto heterossexuais.
Ao serem perguntados sobre o grau de satisfação, 86,4%, ou seja, a maioria dos padres se revela conformada com o celibato. O autor destaca, contudo, que ser celibatário não significa ser casto e que as duas definições costumam causar confusão. Enquanto o celibato está relacionado à condição de se manter solteiro, não casar e nem constituir família, a castidade seria a renúncia completa aos prazeres sexuais. Portanto, nem todos que adotam o celibato fazem votos de castidade, caso dos padres seculares, maioria (78%) entre os que responderam à pesquisa.
Para além dos assuntos da carne, o levantamento do sociólogo José Carlos Pereira avalia o envolvimento dos membros do clero com a política no país: 97,1% dos entrevistados disseram que não são filiados a partidos políticos, contra apenas 2,9% que disseram que sim. A maioria não tem interesse em se candidatar a algum cargo eletivo (95,5%), não concorda que padres se candidatem (72,7%) e não apoiam abertamente nenhum candidato durante eleições (80,2%).
Operários da Fé tem sua relevância pautada no predomínio do catolicismo como principal corrente religiosa no Brasil, mesmo com o avanço do evangelicalismo. Politicamente, a Igreja Católica é uma instituição influente, com profundo enraizamento nos costumes e na cultura da sociedade. Conhecer o padre brasileiro, portanto, é conhecer a Igreja no Brasil e, em boa medida, o próprio país.
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Ficha técnica
Título: Operários da Fé – O padre na sociedade brasileira
Autor: José Carlos Pereira
Editora: Matrix Editora
ISBN: 978-6556163109
Formato: 16 x 2 x 23 cm
Páginas: 240
Preço: R$ 58,00
Onde encontrar: Matrix Editora e Amazon
Sobre o autor
José Carlos Pereira é padre, professor, tem pós-doutorado em Antropologia Social, doutorado em Sociologia, Mestrado em Ciências da Religião, Bacharelado em Teologia e Licenciatura Plena em Filosofia. É autor de 95 livros, em diversas áreas, publicados no Brasil e no exterior, além de algumas traduções, dentre elas, várias obras do Antropólogo Franz Boas. Faz parte do Núcleo de Estudos Religião e Sociedade, do Programa de pós-graduação em Ciências Sociais da PUC-SP e presta assessoria a instituições religiosas.
Sobre a Matrix Editora
Apostar em novos talentos, formatos e leitores. Essa é a marca da Matrix Editora, desde a sua fundação em 1999. A Matrix é hoje uma das mais respeitadas editoras do país com mais de 900 títulos publicados e oito novos lançamentos todos os meses. A editora se especializou em livros de não-ficção, como biografias e livros-reportagem, além de obras de negócios, motivacionais e livros infantis. Os títulos editados pela Matrix são distribuídos para livrarias de todo o Brasil e também são comercializados no site www.matrixeditora.com.br.