Ozempic reduz consumo de bebida alcóolica
Uma pesquisa recente, publicada na revista científica Nature Communications, revelou o potencial benefício da semaglutida no tratamento do transtorno por uso de álcool. Pacientes submetidos a intervenções terapêuticas com medicamentos como Ozempic e Wegovy, tanto para controle de peso quanto para tratamento de diabetes tipo 2, demonstraram uma diminuição no desejo de consumir bebidas alcoólicas.
O estudo, conduzido por cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Case Western Reserve, nos Estados Unidos, acompanhou registros eletrônicos de saúde de 83.825 pacientes com obesidade. Segundo esses dados, o transtorno por uso e dependência de álcool, bem como a recorrência, diminuiu entre 50% e 56% no ano seguinte. Resultados semelhantes foram observados na análise dos registros de 598.803 pacientes com diabetes tipo 2 tratados com semaglutida.
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Essa percepção tem se confirmado nos consultórios clínicos. De acordo com Alessandra Rascovski, endocrinologista e diretora clínica da Atma Soma, “em média 60% dos pacientes que realizam o tratamento com Ozempic diminuíram a ingestão de álcool expressivamente”.
Segundo um levantamento de 2023 da Covitel, realizado em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa de indivíduos adultos que consomem álcool de forma abusiva no Brasil é de 4%, cerca de 6 milhões de pessoas, sendo 6,6% homens e 1,7% mulheres.
Além da redução do consumo, a especialista também notou a perda da vontade e da tolerância a bebidas alcoólicas, segundo os relatos de pacientes que fazem uso de medicamentos à base de semaglutida. “Investigações pré-clínicas vêm mostrando que essa substância altera o mecanismo metabólico da dopamina, conhecido como hormônio do prazer, reduzindo o prazer ao consumir álcool, semelhante ao que acontece com a comida”, explica.
A semaglutida está sendo associada também como um potencial redutor de comportamentos relacionados à dependência em geral, como drogas e nicotina. “Existem outros estudos expondo que moléculas agonistas do GLP-1 (estudo fase 2) promovem uma redução do consumo, suprimindo a motivação e a vontade”, aponta a especialista.
Ozempic no Brasil
O uso do Ozempic (semaglutida) no Brasil tem ganhado destaque como um tratamento eficaz para o diabetes tipo 2. Este medicamento, inicialmente desenvolvido para o controle glicêmico, age estimulando a secreção de insulina e reduzindo a produção de glucagon, ajudando a controlar os níveis de açúcar no sangue.
Porém, além do controle do diabetes, estudos têm mostrado que o medicamento pode contribuir para a perda de peso, mesmo em indivíduos sem a condição. “Este efeito se dá, também, devido à ação do medicamento no centro de saciedade do cérebro, o que reduz o apetite e a ingestão calórica”, explica a diretora clínica da Atma Soma.
No Brasil, esta aplicação tem atraído a atenção de pacientes e profissionais de saúde, que buscam alternativas eficazes e seguras para o tratamento da obesidade, um problema crescente no país. Contudo, a semaglutida na dose 2,9 gr, o Wegovy, chegará nas farmácias, possivelmente em agosto, com indicação para a obesidade.
De acordo com estudo recente, apresentado no Congresso Internacional sobre Obesidade 2024 (ICO), até 2044, cerca de 48% dos brasileiros terão obesidade e mais de 27% irão ter sobrepeso.
“O futuro da semaglutida aqui no Brasil parece promissor, mas exige um equilíbrio entre inovação, acesso e segurança. A popularização do medicamento como auxiliar na perda de peso deve ser acompanhada de estudos rigorosos e políticas públicas que garantam seu uso responsável, além de rigorosa supervisão médica para maximizar seus benefícios e minimizar riscos”, finaliza a endocrinologista.
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