por Fernanda de Freitas – Pelo visto está na moda humilhar as pessoas em plena rede nacional de televisão. E os programas campeões neste quesito são os policiais veiculados pelas Redes Record e Bandeirantes: Balanço Geral, Cidade Alerta e  Brasil Urgente.
São apresentadores que humilham os colegas de trabalho, repórteres valentões que debocham de entrevistados e acusados que ameaçam os jornalistas, num ciclo insano de desrespeito e maus tratos.
 Fiquei chocada ao assistir na semana passada uma matéria onde a repórter, em rede nacional, zomba do entrevistado através de gargalhadas debochadas, de perguntas irônicas e tendenciosas e de opiniões sarcásticas e preconceituosas: acusando, condenando e, por fim, humilhando o acusado em plena Delegacia de Polícia.
Em seguida, o apresentador faz piadas de mau gosto com seus colegas de trabalho que riem nervosamente disfarçando a atitude vexatória e arbitrária.
Ao pesquisar sobre a referida profissional, descobri que a postura ofensiva já é velha conhecida pelas bandas em que ela atua. Tendo, inclusive, diversos vídeos publicados na Internet com atitudes parecidas ou piores àquelas que assisti. Ela não se acha folgada nem desrespeitosa, mas valente e portadora de uma missão que sob o manto do microfone se ???traveste da falsa defesa da busca da verdade dos fatos???.
Além de fazer apologia à lei do ???olho por olho???, legitimando a atitude da busca da justiça com as próprias mãos, esses programas incitam a violência contra os acusados que são apontados nas reportagens como culpados num prévio julgamento midiático.
Esses programas também aproveitam para carregar no humor ácido ignorando totalmente os Diretos Humanos num clássico escárnio com as classes e níveis hierárquicos.
Nem vou estender o debate sobre a questão da presunção da inocência ou imparcialidade da imprensa, totalmente desconsiderados nessa seara popularesca dos programas policiais sensacionalistas. Quero apenas fazer uma reflexão sobre a importância de não naturalizarmos a violência e o desrespeito defendendo a ideia de que se for bandido pode tudo: culpar, humilhar, desrespeitar, linchar e matar. ?? fato que a Justiça brasileira não é das melhores, mas ainda precisamos dela para estabelecer a ordem social. Além disso, nossa história está cheia de casos de crimes praticados pela imprensa por conta do pré-julgamento. Ex.: o bar Bodega e a Escola Base.
E pelo que li na Internet, ao que tudo indica, impera nos bastidores da televisão a ideia de que essas humilhações não passam de brincadeiras entre colegas de trabalho ou de Jornalismo Policial mais incisivo e enérgico.
Ah tá, achei que era assédio moral, desrespeito aos Direitos Humanos, ofensa e difamação! Ignorância minha, perdão!
Apesar dessas atitudes e imagens parecerem naturais e cotidianas, N??O VOU e N??O QUERO aceitar e me adaptar a esse Jornalismo de espetáculo em que a trolagem aparece mais do que os fatos e a dignidade humana é motivo de piada.


Obs.: Infelizmente não achei a matéria em questão, mas a Internet esta repleta de reportagens do mesmo gênero da referida repórter e tant@s outr@s colegas de profissão. Uma pena!
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