O que pode ser mais duro: levantar da cama porque lembrou de não ter passado o fio dental ou fazer seu filho aderir ao hábito? Seja qual for a sua resposta, esse pode ser um esforço desnecessário na prevenção de cáries e doenças da gengiva.
As mais recentes diretrizes emitidas pelos departamentos de Agricultura e de Saúde e Serviços Humanos do governo americano eliminaram discretamente e sem aviso qualquer menção ao uso do fio dental. Questionados pela agência de notícias Associated Press (AP), o governo americano respondeu que nunca pesquisaram a eficácia do uso regular de fio dental, como exigido por lei, antes de persuadir os americanos a usá-lo.
Em nota, a Academia Americana de Periodontologia reconheceu que a maioria das evidências atuais deixa a desejar, porque os pesquisadores não conseguiram um número suficiente de participantes ou ???examinar a saúde das gengivas por um período significativo de tempo???.
Uma revisão de 12 estudos publicada pela ???The Cochrane Database of Systematic Reviews???, em 2011, encontrou apenas evidência ???pouco confiável??? de que o uso de fio dental pode combater a formação de placa após um e três meses. Os pesquisadores não conseguiram encontrar estudos sobre a eficácia do uso do fio dental somado à escovação na prevenção de cáries.
A nova posição pode trazer alívio aos que vivem negligenciando o fio dental, mas também causou espanto entre dentistas. Para o professor Luiz Fernando Martins de Araujo, coordenador dos cursos de pós-graduação em periodontia da Associação Brasileira de Odontologia do Rio, a recomendação do uso do fio dental em conjunto à escovação permanece válida:
??? Desconheço qualquer informação na literatura científica que contrarie essa ideia. O uso correto do fio, esfregando-o nas superfícies laterais dos dentes até chegar à gengiva, deve ser feito, complementando a escovação.